-Então, invasora. Qual é o seu nome?
Ele finalmente deixou o livro de lado e passou a me encarar.
- Ísis. E qual é o seu?
- Descubra.
- Ah, vai bancar o garoto misterioso, agora?
- Não vou bancar. Eu sou. Já você... Pela sua roupa... Cabelo... Opino que é cheia de amigas, porém passa maid tempo lendo do quê com elas, é super masoquista, e tem um garoto caidinho por você, se você está caída por ele, eu não sei.
- Você andou me investigando?
- Apenas sei observar.
- Hum.
Ele retomou a leitura, me deixando com mil dúvidas sobre ele. Quem ele pensava que era? O bam-bam-bam sabe-tudo da biblioteca? Só porque era bonitinho e charmoso? Talvez ele não merecesse minha companhia.
Mas era melhor apostar um pouco nele.
- Se eu descobrir seu nome, você me fala sobre você?
- Talvez...- Disse focado no livro.
- Talvez não é uma resposta convincente para eu gastar meu tempo procurando por seu nome.
- Mesmo assim, eu tenho certeza que você irá procurar. Então leve esse "talvez" como garantia de uma futura conversa.
Ele levantou, coletou alguns livros da mesa e os levou até a moça da entrada da biblioteca. Provavelmente para levá- los para casa.
Eu ficaria mais tempo ali, não só para mostrar que eu não estava só pela companhia dele. Mas que eu queria ler mais um pouco. Porque era oque eu queria... Não era?
Mas estava muito, mas muito mesmo, curiosa pra saber o nome dele! E lógico que eu já tinha um plano.
Fui até a moça da recepção que havia feito meu cadastro e obviamente, o cadastro dele.
- Olá.
- Você de novo? O quê foi?- Disse arrogamte enquanto lixava as unhas ridículas e extremamente curtas. Como ela conseguia ter unhas tão curtas?! As minhas eram enormes e eu ainda não conseguia viver em paz com elas se elas não crescessem mais.
- O moço que saiu... Você tem alguma ideia do nome dele?
- Tenho ordens restritas dele para não lhe informar isso.
- Então poderia me dizer os livros que ele retirou?
Ela tirou uma folha minúscula de dentro de uma caixinha e me mostrou, com os dedos encima do nome dele. Mulher esperta. E confesso que nem prestei atenção nos nomes dos livros.
Ela largou o papel na mesa, mas com a parte que continha o nome, virada para a tábua, e voltou a cuidar das unhas.
- Ísis?! Você veio, que bom!
Virei para o lado ainda estressada com a recepcionista.
- Jordana! Pensei que não viesse!
- É... Decidi de última hora vim e lhe recomendar uns livros e...
Jordana caiu do céu! Nem prestei atenção no quê ela dizia, pois já tinha um plano em mente para descobrir o nome do garoto.
- Jordana, tenho alguns livros para lhe mostrar... Só não sei onde estão... Acho que naquela estante! Vamos lá!
Fingi que procurava Edgar Allan Poe em uma estante de poesias.
- Jo, não estou achando... Mas juro que vi por aqui!
- Chama a recepcionista! Ela deve saber...-Dizendo isso, ela andou alguns passos e veio acompanhada da recepcionista.
De mansinho, deixei Jordana explicando à moça o nome do livro e o autor enquanto ela olhava cada prateleira com cara de tédio, fui até a mesa dela e rezei para que o papel ainda estivesse lá. E estava! Da mesma forma, virado para baixo.
Peguei o papel rapidamente e o coloquei no bolso.
Peguei minha bolsa na cadeira da mesa dele e saí da biblioteca em silêncio. A Jordana ia me odiar por deixá- la sozinha lá depois de ela vir especialmente me indicar livros. Mas eu precisava fazer! O papel coçava em meu bolso, e assim que pus o pé fora da biblioteca, o retirei do bolso e olhei atentamente onde sempre estava o nome das pessoas.
Lucas Fortunatto.Então era isso? Fora tão fácil assim? Nenhuma dificuldadezinha? Nada interessante?
Hum.
Esperava mais de você, Lucas Fortunatto.
Para alguém que me manda descobrir o nome, deveria ter tomado algumas medidas preventivas,
Ninguém nunca consegue esconder algo de uma garota curiosa. E ainda menos de uma garota curiosa chamada Ísis.
Voltei para casa toda feliz, com o papel enfiado no bolso da minha bolsa.
E era lá que ele ficaria. Me lembrando do dia em que eu o conheci, caso nunca mais o encontrasse.
Só tinha uma certeza; sábado que vem, lá estaria eu. Naquela mesa. Esperando pelo Lucas Fortunatto.
Larguei as coisas na estante e fui para a sala, onde minha família estava toda reunida. Em silêncio.
Minha mãe e minha irmã choravam juntas, abraçadas. Meu pai tinha a cabeça pendida entre as mãos.
- O quê aconteceu?!
- Sua mãe...- Meu pai tinha a voz carregada de tristeza.
- O quê, pai? Me fala!
- Ela estava grávida.
- Mas isso não é...
Estava. Lembrei do estava.- Ela caiu hoje e sentiu uma dor horrível na barriga... Nós a levamos ao médico e... Descobrimos que ela perdeu o bebê...
Sentei no sofá e comecei a chorar também. Na verdade eu não me sentia tão mal assim... A gente nem sabia que o bebê existia... Não tínhamos afeto por ele... Mas precisava demonstrar que sentia algo por ele... Ainda mais pela minha mãe... Se fosse eu que tivesse perdido um filho eu ficaria triste do mesmo jeito, mesmo sabendo que ele não existia.
Logo senti arrependimento por pensar daquela forma sobre o bebê.
Caramba, eu chorava por tanta coisa boba, mas não conseguia chorar por ter perdido um irmão!
Será que tinha alguma coisa errada comigo?!
Apenas levantei e fui até meu quarto. Onde me tranquei e comecei a ouvir música e ler aventura.
Precisava descontrair pra tentar encontrar qual era o meu problema mental.
E sem mais nem menos, lembrando de minhas fotos de criança, comecei a chorar.
Não sabia por quanto tempo havia chorado, mas havia adormecido, acordada pela minha irmã. Com um sorriso de orelha a orelha.
Ué, ela não estava chorando por causa do bebê? Por que diabos ela estava sorrindo?!!
- Voltou!
- Voltou oque? Por que você está sorrindo? É maluca?!
- Voltou o bebê!
O quê ela estava dizendo?
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Livros, Cafés e Amores
Teen FictionÍsis não é a garota mais popular, nem a mais bonita, mas tem um garoto que gosta dela à seus pés, é repleta de amigos, apesar de preferir passar o dia na biblioteca. Certo dia, ao fazer uma de suas visitas diárias à ela para ler, encontra um rapaz...