RAVI RICCI PETROV
Eu senti um pequeno impulso nas pernas, como se meu corpo precisasse correr para longe de onde estava o mais rápido que conseguisse. Um dos outros sinais que comprovam isso foi as pulsações de meu coração, que ficaram forte de repente. Ele ficou dividido entre estar num lugar silencioso o bastante para que eu pudesse o ouvir bater, e num agitado e barulhento que o forçava a acelerar.
Um calor sufocante se espalhou pela minha pele. Com curiosidade, baixei o olhar para checar meus braços. Havia marcas que o deixava vermelho e roxo, ao mesmo tempo. Como uma pintura feita com pressa e agressividade. Não pude sentir dor ao vê-los, apenas preocupação e curiosidade. Por que caralhos eu tô machucado?
Analisei o ambiente em que estava. Rua 7, tão bem conhecida como meu próprio quarto. Estradas estreitas e casas altas, pessoas que adormecem facilmente e um silêncio irritante. Minhas costas estão encostadas em algo que julgo ser uma lata de lixo, e minha visão não capta nada além das luzes que as estrelas transmitiam. Passei a ouvir ruídos, e isso fez com que eu reagisse de uma forma nada boa. Senti que estava vulnerável.
Uma tontura fez minha cabeça latejar e meus olhos quase se fecharem em pouco tempo, mas eu precisava deles abertos. Por algum motivo, sinto que tem algo errado. Levanto a cabeça com dificuldade, sentindo que vou apagar a qualquer momento. Tonto por provavelmente ter sido ferido. Isso explica as manchas em minha pele. Me forço a manter a cabeça de pé quando vejo Mia e Dylan sendo arrastados por duas pessoas desconhecidas, com rostos cobertos e nada amigáveis. Day estava tentando escapar dos braços de um deles, mas foi mais forte que ela.
Um assalto.
A última coisa a ser vista foi Dylan esbravejando algo antes de ser ferido, como eu, e cair ao chão. Mia gritou seu nome e correu em sua direção, quando pode. As luzes do carro da polícia coloriram as paredes e fizeram uma sombra alucinante diante de mim. Como raios cortando o céu em dias de tempestades, eles fugiram. O mais rápido que puderam. Estavam assustados e com medo de serem pegos. Sentindo que tudo estava prestes a desmoronar, fechei meus olhos e tudo se transformou num borrão. Um daqueles típicos de noites em que se fica entorpecido.
Então, eu acordei.
Saltei da cama com um suspiro sufocante. Olhei em volta e tateei as cobertas diversas vezes até me sentir em casa, outra vez. Eu deveria estar acostumados com flashbacks e saber que vão me atormentar até que eu esteja morto. E muito provavelmente, isso não vai demorar muito para acontecer se continuram na mesma frequência. Detesto ter que lembrar daquele maldito dia. Do dia em que tudo definitivamente acabou. Arrastei as cortinas de meu quarto sem me dar ao trabalho de me levantar da cama. Dedilhei em meu celular até que estivesse com o horário visível.
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In Your Eyes
Romance🏆FINALISTA THE WATTYS 2022 Nas arquibancadas de um colégio que são raramente frequentadas no intervalo, duas pessoas se encontram (mesmo que sem querer) num dia entediante. Para um loiro problemático e com um caráter questionável, seria apenas ma...