Cap. 1 | Ravi

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RAVI RICCI PETROV

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RAVI RICCI PETROV


    Ergui meu copo vermelho para o alto e cuidei para que a bebida não encontrasse o chão. Senti a adrenalina queimar em minhas veias e a vibração da música por baixo de meus pés. A casa esta preenchida por batidas altas de guitarra e a voz rouca de um vocalista de uma banda qualquer.

Vi Lizzie acenando para mim e em seguida usando as mãos para acariciarem seu pescoço. O canto de meus lábios se ergueram quando me aproximei, pegando em sua cintura e a trazendo para perto de meu peito. Pude ouvir seu coração batendo contra o meu.  Não reparei muito em seu rosto antes de mergulhar em seus lábios macios: estava ansioso para fazer o mesmo em seu decote. Sua boca ficou manchada por batom vermelho quando notei, a empurrando para dentro do primeiro quarto vazio que achei. Fui rápido ao trancar a porta, afinal, não queria que seu namorado nos atrapalhasse justo agora.

Fui pela frente até que ela implorasse para que eu trocasse de posição. Aproveitei de sua sensibilidade depois de levá-la ao céu e insisti para que não falasse sobre mim para John. Não estava afim de disputá-la e iria acabar sozinha caso me quisesse além dessas ocasiões.

Voltei para meus amigos quando pude, os abracei com força até que estivessem sufocados pelo cheiro forte que se misturava entre suor, vodka e perfume. Estão bêbados e mal podem ficar de pé, mas se esforçam, porque precisam disso.

Senti meu maxilar tremer ao ser atingido pelas mãos fortes de John MacTarry. Passei os dedos com calma sobre meu nariz e não me surpreendi ao encontrar sangue. Ele escorreu até que minha boca ficasse preenchida por um gosto metálico. Senti o estrondoso barulho ao parar com o crânio no chão.

─ Você precisa acordar.  ─ repeti para mim mesmo massageando as têmporas.  ─ Não é tão difícil.

Eu sempre fui vítima das ameaças que minha mente projeta. Para o Ravi de sete anos, era comum acordar no meio da noite por estar com medo de um pesadelo. Era como se ele fosse invadir a minha realidade, e isso era assustador. Então, meu pai me ensinou algo: programar meu corpo para acordar quando estivesse em perigo. Desse jeito eu sempre iria estar no controle e nada poderia me fazer mal.

Levei isso em consideração por anos, até chegar aos dezessete, onde meu maior pesadelo são lembranças sufocantes de quando eu ainda me importava, me divertia e vivia pra caralho. Nada disse me pertence agora, e não a nada que eu possa fazer a não ser...

Acordar.

─ Estão dispensados.  ─ Peterson anuncia com tédio.

Não esperei muito ao deixar a aula de história para trás e adentrar no corredor movimentado do colégio. Fui recebido por sons de armários batendo, risadas exageradas e passos apressados. Ignorei todos que atrapalharam meu caminho até poder respirar novamente, me afastando de corpos suados e pegajosos.  Eu sabia me dar bem entre sorrisos direcionados especificamente para mim, e agora tenho que me acostumar a ouvir  boatos mentirosos  ─ mas nem tanto  ─ sobre a última festa em que estive, a meses atrás. Por mais que eu tentasse me livrar dessa imagem que todos tem de mim, é impossível não causar medo de futuros problemas quando me aproximo de qualquer um que estuda aqui.

In Your EyesOnde histórias criam vida. Descubra agora