e p í l o g o

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LUA DOLCHE SCHÄFER

AFTER 5 YEARS

Descansei os fones de ouvido próximo do microfone na sala com isolamento acústico. Ir para o estúdio no inverno é tortura, então eu fiz um so para mim ─ perto do aquecedor ─.

Ravi está lá fora, tentando retirar um pouco da neve que caiu em frente a nossa casa.

─ Qual é, bonitinho. Já esta de noite. ─ me escorei na beirada da porta. ─ Pode entrar agora.

Com um sorriso, ele largou a pá e veio em minha direção com seu casaco grosso e um gorro na cabeça cobrindo os fios loiros. Ele me agarrou pela cintura e me jogou por cima de seus ombros, girando comigo no ar. Soquei suas costas suavemente, brincando.

Em meio a risadas, Ravi me soltou próxima ao sofá. Sentei-me lá e ele fez o mesmo ao meu lado.

─ Bonitinha? ─ me chamou, batendo seus ombros nos meus.

─ Sim?

─ Onde acha que vamos estar daqui um mês? ─ questionou, olhando-me com curiosidade.

─ Paris.

─ Lua, voltamos de lá semana passada. ─ riu, e eu o acompanhei. Acho que é difícil escolher um lugar depois do nosso vício de entrar no primeiro avião que aparecer. Já conhecemos praticamente tudo o que queríamos.

E ir pra França foi hilario, principalmente a parte que ele foi alimentar pombos e eles voaram pra cima de meu namorado. A única parte constrangedora foi a que me fez ficar horas em frente a torre eiffel enquanto ficou me fotografando. Minhas bochechas ardem só de lembrar.

Também foi lá que oficializamos nosso namoro, quando ele me comprou um anel e se ajoelhou em minha frente. Por mais que os aplausos tenham sido ensurdecedores, foquei em seu rosto sem problema algum. Guardo pra sempre aquela imagem na minha mente.

─ Então fala você um lugar. ─ virei o jogo, o deixando pensativo.

─ Itália. ─ sugeriu ─ Acho que podemos passar um tempo lá.

─ Podemos esperar o inverno acabar? ─ perguntei, encarando o lado de fora da casa. Tudo está esbranquiçado e completamente congelado.

─ Claro. Temos todo o tempo do mundo. ─ tocou a ponta de meu nariz. É um gesto fofo que costuma fazer, como mera implicância.

─ E de todo esse tempo já se foram 5 anos. ─ falei.

Chega a ser assustador pensar que eu quase desisti de ter essa vida.

Meu sonho de ser dubladora aconteceu, e já tenho minha voz dentro de muitos filmes e algumas séries. Ravi decidiu estudar astronomia, mas nao esqueceu totalmente da música. Nas horas vagas escreve algumas letras e toca sua guitarra. Entretanto, quando era pra supostamente estar "calculando a densidade da Lua" esta calculando quanto tempo leva para a sua Lua o beijar. Seu hálito de menta viciante é uma das minhas coisas favoritas sobre ele.

─ A idade do Luke. ─ apontou para frente.

Conheço esse som perfeitamente: os da patinha do nosso cachorro batendo contra o assoalho de madeira. Com os pelos dourados e brilhantes, ele se aproximou, pedindo atenção. Seu papai o acariciou enquanto fazia gracinhas. Luke é um Golden Retriever  que adotamos a 5 anos atrás, e desde então, ele vive num lar cheio de loucuras e amor.

─ Ravi, você esqueceu de dar água pra ele de novo? ─ encarei o pote vazio perto do nosso quarto. Lancei um olhar repreensivo para meu namorado.

─ Sem essa, bonitinha. ─ fingiu reclamar, sem desfazer seu sorriso. ─ Voce disse que cuidaria disso hoje.

Como se soubéssemos do que estamos falando, Luke correu para meu lado com os olhinhos sedentos e a cabeça tombada para o lado. Apontando que Ravi é mesmo um mentiroso.

E isso nunca vai mudar.

─ Ele tá do meu lado. ─ falei.

─ Tudo bem, vou pegar os biscoitos na gaveta. ─ deu-se por vencido, revirando os olhos e levantando para ir até a cozinha.

Quando voltou, o pequeno cão correu para receber seu prêmio. Ravi o fez dar piruetas no ar, divertiu-se até Luke roubar o biscoito de suas mãos. Depois encheu o pote d'água e completou o outro com ração. O observei de longe enquanto brincava com ele.

─ As vezes acho que sua mãe não me ama tanto assim. ─ dramatizou ─ Ela não me recompensa todas as vezes que é rude comigo.

O que ele esperava? Que eu o desse um biscoito também?

Por mais que seja um bobalhão, Ravi esta certo. As vezes ainda sou grosseira demais. E ele, orgulhoso. Nossas desculpas acontecem de modo lento e romântico, ou indecente  ─ por sua parte ─. Fui para perto dele: ainda esta com os olhos brilhantes e doces. Toquei seu rosto macio, sentindo-o nas postas dos dedos.

Puxando os cabelos dourados e desgrenhados para trás, fiz sua touca cair. O puxei para um beijo e ele aceitou, roçando sua língua na minha e descendo para meu pescoço. O caminho que costuma trilhar.

─ Feliz agora? ─ perguntei.

Seus lábios liberaram um sorriso zombeteiro.

─ Como nunca.

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