🏆FINALISTA THE WATTYS 2022
Nas arquibancadas de um colégio que são raramente frequentadas no intervalo, duas pessoas se encontram (mesmo que sem querer) num dia entediante.
Para um loiro problemático e com um caráter questionável, seria apenas ma...
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RAVI RICCI PETROV
Ouvi a campanhia tocar quando estava em meu quarto arrumando a pilha de DVD's velhos dentro de uma caixa para descarta-los. Coloquei ela de lado e desci as escadas com pressa, pronto receber meu pedido. Comida japonesa.
Um sorriso morreu em meu rosto quando dei de cara com meu irmão, descansando os ombros nas extremidades da porta.
─ Foi mal, maninho. ─ apertou os lábios em lamentação. ─ Esqueci as chaves outra vez.
Bufei ao ouvi-lo.
O zíper de sua mochila está aberto, deixando a mostra todos os livros de sua faculdade. Abri as mãos com tédio e liberei a passagem, mas ele não se moveu. Analisou meu rosto com um sorriso estranho ao invés disso.
─ Está esperando alguma coisa, não é? ─ murmurou como se fosse um segredo ─ Comida japonesa?
Apertei os olhos com força.
Me pergunto como Oliver ainda esta vivo já que apenas come o que tem sobre o balcão da cozinha. Não se da o trabalho de abrir a geladeira e quando finalmente faz é para pegar suco de laranja ou leite para seu cereal. Pedir comida japonesa é como dizer "Ei, maninho, gastei todo meu dinheiro com você" quando na verdade quero dizer "Cara, para de agir como se eu tivesse feito isso por você. Eu to com fome!"
Geralmente ele está fora, ocupado demais aprendendo alguma coisa sobre arquitetura e desenhos. Mas como ele parece ter um radar para sua comida preferida, ele chegou mais cedo hoje. Me dei por vencido e deixei que devorasse tudo quando chegasse. Ele me agradeceu com um abraço e esperei até que finalmente me soltasse, caso contrário teria que esquecer que apenas fiz isso porque estava cansado demais e iria iniciar uma discussão. É hilário discutir com Oliver.
Subi até meu quarto outra vez e quase me rendi a tentação de cair na cama, mas ao erguer uma parte de minha camisa para perto de meu rosto e respirar fundo me dei conta que preciso mesmo de um banho. Ficqr o dia todo no estacionamento do colégio pode te fazer cheirar a algo não tão bom e irei salvar minhas cobertas dessa contaminação. Relaxei todos os músculos quando a água fervilhando caiu sobre meu corpo, o calor me fez esquecer do cansaço que estou sentindo. Fechei os olhos e passei a mão sobre o rosto, arrastando até meus cabelos que pararam na nuca deixando minha visão livre para encarar o espelho embaçado do lado de fora do box.
Desci até a sala outra vez para me certificar de que estava tudo bem com Oliver, e me deparei com ele deitado no sofá com os pés para o alto, babando nas mãos postas ao lado do rosto. As vezes me pergunto se ele tem mesmo 24 anos. Não o acordei e me preparei para ouvir reclamações no dia seguinte sobre dores nas costas. Mais rápido do que eh cheguei, voltei. Estou ansioso para finalmente me aconchegar na cama e fazer meu corpo entender que agora estamos seguros e longe do colégio.
