Cap. 10 | Lua

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LUA DOLCHE SCHÄFER

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LUA DOLCHE SCHÄFER

      A casa estava vazia nessa manhã. Minha mãe, a única que costuma se animar em cuidar de algumas flores que tem logo quando o sol se põem, dispensou isso. Para meu pai era comum estar fora, mas para Crystal não. Não me esforcei ao saber onde estava, um bilhete deixado na geladeira facilitou meu trabalho.

"Não me espere para o café da manhã"

Eu nunca a espero pro café da manhã.

Deslizei as mãos sobre o balcão, me convencendo de que com aquilo queria encontrar alguma fruta, ou cereal. Só que até a porra de um simples mexer de mãos tem um significado enlouquecedor, agora. Eu gosto de estar sozinha. É prazeroso poder sentir que ninguém pode me atrapalhar enquanto estiver longe de todos. Como estar protegida. Mas depois de conhecer íris divididas entre azul e castanho, até o silêncio se tornou alto e zombeteiro.

Não consegui parar de pensar sobre Ravi. Algo me diz que seu temperamento difícil esta o impedindo de me contar alguma coisa. Algo que envolve Dylan. Blanc e eu não somos tão amigos como parecemos. Na verdade, até ontem não sabia que parecíamos algo a mais que conhecidos. Nos encontramos nas aulas de Biologia, e é bom tê-lo por perto. É engraçado. E todas as suas frases terminam com um tipo estranho de insegurança, como se a todo momento tivesse medo de errar. Mas ele raramente faz isso. Sempre consegue dizer a coisa certa, na hora certa.

Diferente de Ravi, que cospe palavrões e grosserias. Por que pessoas tão diferentes seriam tão amigas? Ravi disse que me machucaria por Dylan. Isso não me comove, muito menos me assusta. E não seria tão difícil pra ele, afinal nada poderia o parar antes de me ferir. Consigo sentir o ódio pairar em seu rosto todas as vezes que me encara. Esse é mais um dos motivos para mantê-lo longe de meus pensamentos e principalmente, da minha vida.

* * *

O sinal se espalhou por todas as salas, anunciando que estávamos de saída. Peguei algumas fichas em mão e tentei procurar a próxima aula. Meus olhos rolaram pelas letras, mas não pude me concentrar em nenhuma palavra. Em minha volta todos estavam apressados e violentos, e isso acabou me distraindo.

─ Literatura. ─ murmurei, encarando o papel.

Senti meu corpo se chocar com o de outra pessoa após finalmente encontrar minha direção para próxima aula. Parei categoricamente com uma expressão nada amigável.

─ Você gosta mesmo de ler. ─ Ravi proferiu de um jeito provocante.

Bufei ao vê-lo parado em minha frente. Por que sempre aparece quando estou prestes a me esquecer das coisas nojentas que diz? Passei por seus ombros largos e esbarrei nos mesmos, o fazendo arcar levemente para o lado.

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