8. De frente pro mar!

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― Quem você pensa que é? – disse Marcus franzindo o cenho, indignado

― Eu quem pergunto? – disse Francis

― Porquê?

― Você ta de brincadeira comigo? Procura outra, pra acrescentar no teu currículo, da festa de hoje

― Do quê que você ta falando? – perguntou Marcus, indignado

― Fran, já chega! – disse Milena já no meio dos dois, que pareciam que a qualquer momento partiriam pra uma briga – E Marcus, me desculpe por ele – disse encarando-o

― Tudo bem, também já estou de saída, nos vemos um dia desses – disse Marcus saindo mostrando um sorriso à ela e depois o mesmo sorriso tornou-se seco, assim que olha pro Francis, que também o encarava sério

― Ta bem – disse Milena e assim que o Marcus já estava a alguns metros de distância deles ela prosseguiu dizendo ao Francis, um pouco irritada – O que foi que deu em você?

― Milena, eu conheço esse bairro e não confio em ninguém...

― E depois? Será que já não posso mais ter uma conversa com alguém? Me separei de todo mundo e é mesmo isso? Só posso conversar convosco? – Milena disse tornando nítida a sua raiva

― Não Milena, o pessoal de cá, só tem segundas intenções

― Você também é de cá, sabia? – ironizou ainda irritada e Francis passou a mão pelo seu cabelo

― Milena. Eu só não quero que te machuques, ok? – disse Francis pegando em seus braços e Milena permaneceu com aquela cara de raiva – tudo bem, me desculpe... Se quiser até, podes me bater, me gritar, mas por favor, ouve-me, essas pessoas não são o que aparentam ser – disse sério olhando pra ela

― Vai me dizer que esse é um dos motivos que te fez mudar de cidade? – disse ela um pouco mais calma, após ter suspirado e se sentir mais aliviada

― Talvez seja, mas isso não tem importância – disse Francis, enquanto Milena tentava esquecer o que quase aconteceu à pouco, fechando os olhos e soltando mais uma lufada de ar

― Tudo bem – disse ela já bem calma como normalmente

― Okay. Agora, querida, vem comigo preciso te mostrar algo

― O quê?

― Só vem – disse Francis pegando na mão dela, puxando-a para algum lugar

Caminharam então, ele ainda segurando a mão dela, atravessando a densa multidão de gente até estarem actualmente sentados na areia muito afastados daquela enchente de pessoas e daquele alto barulho das caixas de som espalhadas pelo lugar onde decorria a festa.

― Porquê estamos aqui? – perguntou ela

― Para curtir o som da natureza, o da humanidade até cansa... – disse Francis, se referindo ao som que as pequenas ondas das águas do mar faziam assim que colidiam umas com as outras, quando iam e vinham

Milena permaneceu encarando o mar nostalgicamente, se lembrando de quando era pequena e ia passear na praia com o pai à noite.

― Já disse que você fica muito linda quando admira coisas? – disse Francis com sua atenção voltada pra Milena que esboçava um quase imperceptível sorriso, enquanto encarava o mar

― Felizmente já – disse olhando pra ele – qual é desse lugar?

― Hum? – perguntou

― Tipo, porquê estamos aqui, realmente? Não gostas daquela agitação lá atrás?

Querido CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora