4.

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Eda

Eu amo sexta feira.

Toda aquela alegria e tranquilidade de saber que no final do dia eu vou estar livre pra colocar meu pijama do Capitão América, me enfiar embaixo das cobertas e maratonar meus filmes de heróis tranquilamente.

Estou nas nuvens com esse pensamento quando Fifi aparece em meu lado trazendo mais uma pilha de livros devolvidos.

— Esse sorriso no rosto aí? Não pode ser por estar organizando a prateleira de livros de economia.

— E não é! Hoje é sexta!

Ela arregala os olhos em minha direção.

— Você está animada porque é sexta? Vai para a festa de hoje? Quem te convenceu?

Reviro meus olhos. Por que estar animada para sexta significa estar animada para festas?

— Sim estou animada porque é sexta e eu posso ficar em paz na minha caminha me entupindo de doce enquanto vejo filmes.

— Ah... — uma sombra de desapontamento cobre o rosto de minha amiga — por um momento, achei que você tivesse se transformado em uma garota normal da faculdade.

As mesmas palavras de Melo tentando me convencer a ir nessa festa de hoje. Desde segunda nossas conversas se resumiram a ela implorando por minha companhia e eu recusando.

O que é estranho, já que ela sabe que não compareço em festas.

Volto a puxar os livros da pilha até a prateleira.

— Por que está me crucificando? Você odeia essa interação social das festas.

— Eu não odeio — Fifi vai até a prateleira atrás de mim para organizar mais livros. — eu só não acho necessário aquela quantidade de álcool e garotas peladas se esfregando em jogadores como se isso fosse a coisa mais incrível a se fazer na faculdade.

Viro de frente para suas costas. Os cabelos enrolados dela estão amarrados em um coque alto no topo da cabeça e como sempre está vestida de cima a baixo de peças negras

— Então por que vai?

Ela vira de frente para mim e da de ombros.

— Acaba sendo divertido ver todas aquelas pessoas se esforçando para serem notadas umas pelas outras. É um ótimo exercício ficar observando todos eles em um ambiente descontraído...

— … e cheio de álcool. — completo.

— É! E cheio de álcool.

Fifi estuda Psicologia. Então deve ser mesmo um bom exercício observar tantas pessoas diversas em um ambiente como esses das festas. Tão grosseiros.

Quer dizer, o que posso falar vem com base nos filmes que assisti que envolviam colegiais ou pessoas na faculdade. Muito álcool, muita droga, muita gente nua e grudenta de suor enquanto música alta estoura nos tímpanos.

Não sou de festas. Não gosto de multidões. Meu silêncio é tudo que mais amo no mundo.

— Então… — volto meus olhos do chão que era para onde estava olhando enquanto pensava no ambiente hostil das festas para observar minha amiga me encarando com um sorriso de canto nos lábios. — fiquei sabendo que deu carona para um certo jogador de futebol.

Reviro meus olhos. Melo, boca grande.

— Foi apenas como pedido de desculpas. — mais uma vez volto para meus afazeres. Organizar os livros.

— Me conte sobre esse pedido de desculpas...

Franzo as sobrancelhas.

— Por que quer saber? Houve um mal entendido por conta de Melo e eu atropelei ele sem querer, pedi desculpas, dei carona e fim.

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