18.

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Serkan

Deite de costas encima do seu tapete de yoga, palmas das mãos viradas para cima e pernas separadas.

Eda diz que yoga relaxa. Posso fazer isso, deve me ajudar a relaxar por fim, após pensar e pensar e não chegar a lugar algum dentro da minha cabeça.

Feche seus olhos e visualize seu corpo. Concentre-se nos sons do ambiente e devagar vá deixando os sons se tornando mais silenciosos e distantes.

Expira, inspira. Expira, inspira.

Você é muito burro Serkan. Como pôde dizer a ela que queria um tempo pra pensar?

Burro.

Expira, inspira.

Imbecil. Vai perde-la por ser um imbecil.

Expira, inspira.

Você não precisa pensar em nada, é óbvio que a Eda teve um bom motivo pra esconder que aquele era Ozan.

Expira, inspira.

Isso não está ajudando. Merda, acho que vou tentar o boxe e imaginar o rosto do babaca no saco de areia.

— Cara, porque você tá parecendo morto no meio da sala?

E nada de relaxamento para o Serkan hoje. Abro os olhos e me deparo com Engin me encarando de ponta cabeça, ou sou eu que estou de ponta cabeça? Não sei mas essa posição tá me deixando enjoado.

Sento e solto um longo suspiro. — Estava tentando relaxar.

Engin franze as sobrancelhas e depois encara minha aula de yoga online no notebook encima do sofá. — Fazendo yoga?

— Sim!

Meu amigo me encara e então volta a olhar a tela e pousa os olhos em mim novamente. — Tá legal vem até aqui e fala o que você fez dessa vez?

— Como assim o que eu fiz?

— Qual é Serkan... — Engin fecha meu notebook e senta no sofá segurando um copo de água, de frente para mim sentado no chão. — você tá com cara de ressaca, parece que não dorme a três semanas, estava morto no treino de hoje mais cedo, não te vi mencionar a Eda desde o almoço na casa do seu pai e tá fazendo yoga na nossa sala, o que você fez?

— Por que acha que eu fiz alguma coisa? — digo em um tom indignado, ele nem sabe o que aconteceu mas não está do meu lado.

— O nome do seu problema é Eda? — assinto. — certo, se esse comportamento está ligado a ela é bem óbvio que você é o culpado.

Faço cara feia pra ele, sim eu sou um adulto fazendo careta pra outro porque ele está certo, eu fiz merda. No sábado quando vi aquele cara encostando na Eda e depois meu pai dizendo que o nome dele era Ozan eu liguei os pontos na hora. Sabia que havia algo de errado com ela assim que tivemos aquele encontro após o jogo em que meu pai pediu que fosse até a casa dele. Eu sabia que ela estava estranha e perguntei o porquê e ela não disse, escolheu não dizer nada e ele tava tocando nela... Respira Serkan, respira fundo.

Conto tudo que aconteceu no sábado para Engin que me ouviu atentamente. — E o que o seu pai queria?

Ah, esse é o outro motivo que está tirando meu sono. — Ele queria me contar que vai ser pai. — Engin arregala os olhos.

— Cacete, você vai ter um irmão?

— Ou irmã, sim! Mas não me importo com quantos filhos aquele cara quer fazer, não tô nem aí pra herança dividida e essa merda, não tô nem aí pra irmão.

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