27.

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Eda

Está chovendo.

Sei disso, mesmo estando de olhos fechados.

O barulho da chuva batendo no telhado ecoa pelo quarto em sons calmos que me deixam ainda mais embalada para voltar a dormir. Mas com minha mente ainda um pouco nebulosa, um pensamento de que preciso levantar vem a tona. Tem uma grávida na minha casa que precisa se alimentar adequadamente e ser cuidada até seu estado melhorar.

Viro de costas para o colchão macio e ainda de olhos fechados, tateio com uma das mãos o lado do colchão que deveria estar sendo ocupado por um corpo grande, musculoso e quente.

Abro os olhos rapidamente só para constatar vendo o que já sabia tocando, Serkan não está aqui. Fico em silêncio por um instante tentando ouvir algum ruído no corredor ou no andar de baixo mas não tenho sucesso. O único barulho aqui dentro continua sendo o das gotas de chuva.

Enrugo a testa. Onde que esse cara se meteu? Espero que ele não tenha ido embora sem falar comigo. Ele não faria isso não é!? Nós conversamos ontem e depois fizemos sexo de uma maneira intensa e quente na parede. Minha nossa as lembranças de ontem a noite invadem minha mente, meu corpo um pouco dolorido também é uma recordação do que aconteceu.

Então, acredito que depois da convicção nas minhas palavras sobre as dúvidas que ele estivera tendo e tudo que aconteceu depois quando estávamos suados bem ali, naquela parede ao lado da porta que encaro agora lembrando como foi ser pressionada por ele, ter suas mãos grandes segurando minha bunda, sufocando gemidos e gritos quando gozamos juntos.

Nossa, precisava de um banho frio antes de finalmente dar as caras na cozinha mas — pego o celular no bolso da calça jeans jogada no chão. — já está tarde e acredito que minhas visitas queiram ser alimentadas com um belo café — menos Julia — antes de se dispersarem.

Obrigo meus músculos a se esticarem quando levanto e me espreguiço. Respiro fundo, visto uma calça de moletom e minha camiseta do Linkin Park perdida no armário. Sorrio com a lembrança de que a última vez que a vesti foi para ir a uma festa que não queria estar e encontrar um certo ruivo na porta do banheiro que definitivamente não queria ver.

As coisas mudam mesmo, o mundo gira, tanto que hoje anseio por vê-lo, anseio pelo toque, o beijo, o que ele tem pra me contar, ou apenas escutar sua respiração suave enquanto dorme.

Assim que me aproximo da cozinha, o cheiro de bacon, ovos e acho que são panquecas me invade.

Da porta do cômodo visualizo uma bela bunda malhada em uma calça de moletom cinza que é gêmea da minha. Tento não fazer barulho enquanto ele remexe os quadris de um lado para o outro em um ritmo de alguma canção tocando em sua cabeça.

— Você deveria parar de ficar me observando como uma maníaca.

Levo um susto com sua voz rouca. Ele ainda está de costas pra mim, como pode saber que estou aqui? Aperto meus olhos em suas costas. — Como sabe que estou aqui?

Ele da de ombros e se prepara para virar outra panqueca o que faz com habilidade. — Eu sinto quando você está por perto.

Aperto ainda mais meus olhos nele e observo a cozinha até encontrar o que me entregou. — Você sente? — ele concorda com um “uhum”. Me aproximo das suas costas e enterro meu rosto entre suas escápulas, passando os braços ao redor da cintura. — Não tem nada a ver com meu reflexo no forno então?

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