Confusão do Destino ✅️

24.

“Você encontra várias pessoas e nenhuma delas te
toca realmente, então encontra
uma pessoa
e sua vida muda pra sempre”

Eda

Acho que nem em sonho poderia ter imaginado o que estou vivendo agora.

Estou na faculdade e estudando o que amo, estou aprendendo que eu posso ser aquela garota guardada dentro de mim  que sempre tive medo, posso ser eu mesma sozinha ou com meu amor. Estou constantemente aprendendo que eu e somente eu posso ser capaz de criar minha própria felicidade.

Nem em sonho imaginei alguém tão bom como Serkan e isso me trás felicidade mas também me dá medo, como o que eu senti ontem quando chegamos ao hotel. Não era minha intenção perder o rumo, eu posso sentir o amor dele por mim mas as inseguranças que foram plantadas dentro do meu coração ainda não foram totalmente embora. Ainda existem ramificações dos meus anseios quanto a mim mesma e a um relacionamento a dois as quais não consegui extinguir totalmente de dentro de mim.

E então — eu penso —, que sorte a minha porque esse cara que dorme tranquilamente na minha frente é tão compreensivo, ele não me julga, não me repele, não me repreende, ele só procura saber qual o problema, ele me escuta, não recua. Ele segura minha mão e me ensina e mostra que existe um lugar bonito e feliz ao lado dele. Ele só — tranquilamente — abre as cortinas que nublam minha visão e me faz enxergar que ele está ali e não vai desistir.

As vezes me pego pensando no quanto o julguei mal sem conhecer. As vezes agradeço em silêncio por ele ter sido insistente nas aulas e estar perto de mim. Constantemente me pergunto como ele pode me amar, por que ele me ama e como isso tudo aconteceu comigo eu não faço ideia. Eu, uma simples estudante de arte e o astro do futebol da universidade.

Não me importo, digo para aquela pequena parte da minha mente que se recusa a pensar positivo. Não quero me importar com porquês, quero ser pra ele o que ele é pra mim. Ele é tudo o que sempre sonhei e não sabia e quero que ele se sinta assim quando pensar em mim também.

Eu não sabia que precisava de um porto seguro até que ele chegou e que bom que ele chegou.

Estou sentada na poltrona — aos pés da cama — do meu quarto de hotel enquanto o observo tranquilo e sereno enquanto dorme. Acho que o momento de maior vulnerabilidade de alguém é quando se está dormindo. Existe uma paz e uma tranquilidade, um sossego em suas feições, que não aparecem quando ele está desperto. Eu gosto de vê-lo assim, sem preocupações, apenas simples e por isso quero gravar esse momento da melhor maneira que posso, desenhando.

Peguei meu caderno de desenho na bolsa, puxei as pernas para cima da poltrona grande fofa do quarto e aqui estou gravando cada pequeno detalhe dele com o lápis. Serkan está deitado de costas no lado direito — do meu ponto de vista — do colchão, o lençol cobrindo a parte inferior, desde a cintura ate os pés, braço esquerdo ao lado do corpo e direito encima do abdômen. Sua cabeça está virada para a direita, os olhos fechados, o cabelo com fios longos que caem sobre o tecido branco do travesseiro, a barba que está sempre ali por fazer em um ruivo marcante pela luminosidade das janelas.

Ele se move e eu paro meus movimentos com o lápis no caderno. Murmura alguma coisa e eu sorrio. Passa a mão que estava repousando sobre a barriga pela cama. Abre os olhos devagar e a luz o incomoda fazendo fecha-los novamente. Eu fico quieta, quase não respiro. Ele faz uma nova tentativa de abrir os olhos e encara o teto por alguns segundos.