Confusão do Destino ✅️

13.

Eda

É estranho como uma pessoa pode se inserir em você, nos seus costumes, hábitos e na forma como você vê as coisas.

É estranho o quanto estou acostumada com o jeito despojado, desprendido, a forma simples e descomplicada como Serkan vive a vida mesmo com tantas questões dentro dele relacionadas a falta da mãe falecida e a ausência de um pai vivo que não dá amor ao filho, a forma como ele se preocupa com a minha melhor amiga, o amor que pude ver entre ele, sua avó e Janete, o quanto ele é fiel aos seus amigos e colegas de time.

É estranho que a algumas semanas atrás eu o achava um babaca estúpido que só pensava em si mesmo.

Agora é como se as cortinas tivessem sido abertas diante de meus olhos e eu pudesse vê-lo como deveria ter visto antes, sem preconceitos e antipatia gratuita.

O Serkan, ainda continua sendo um ruivo alto, musculoso e babaca, estranho pra caramba, mas além disso ele é altruísta, meigo - mesmo essa não sendo a melhor palavra para elogia-lo - é leal, irradia uma energia inexplicável, tem um sorriso que é quase capaz de me fazer desmaiar, acredito que exista algo como um grande sol dentro do seu coração que me aquece e me faz sentir bem e claro, o sexo com ele é INCRÍVEL.

Nessas poucas semanas conheci um Serkan diferente do que havia criado em minha mente, e ainda bem que ele foi insistente porque só assim eu pude conhecê-lo de verdade, sem o status de capitão de time e pegador.

E é por conhecê-lo bem que sei que há algo estranho no seu comportamento. Ele está estranho desde que viemos da casa de Aylin no domingo a tarde. Eu não faço ideia do que devo fazer, se devo perguntar ou ficar na minha e esperar até ele voltar ao normal.

Isso está me enlouquecendo a dias. Exatamente três dias desde que voltamos da pequena viagem.

Ele está me evitando e eu não tenho a menor noção de qual seja o motivo, mas acho que talvez ele tenha surtado e visto que me levar para conhecer sua avó se tornou um passo muito maior do que ele poderia dar, mesmo tendo pernas compridas.

Sorrio. Ótima hora para trocadilhos Eda!

Nosso "caso" não deveria envolver família, era pra ser só isso, algo despreocupado que agora está me preocupando.

- Já chega! - Melo grita na entrada da cozinha me fazendo saltar. - Já fazem quinze minutos que você tá parada na frente da geladeira Dadá, o que aconteceu pra você ficar tão pensativa?

Fecho a porta da geladeira. Geladeira, me lembra como a Melo chama o Serkan, deve ser por isso que fico o tempo todo abrindo ela pra pegar absolutamente nada dentro.

Dou um longo suspiro e arrasto meus pés até encontrar o sofá na sala. - Ele tá estranho.

Melo senta ao meu lado com o cenho franzido. - O dia?

Estalo a língua no céu da boca. - Serkan!

A expressão dela muda pra compreensão. - Vocês brigaram?

Balanço a cabeça em negativa. Se fosse uma briga era mais fácil de resolver, afinal, brigamos o tempo todo e mesmo assim ele ainda continuava me procurando. Então, o que aconteceu?

- Ufff! - solto frustrada - eu não faço ideia do que ele tem e ele não perguntou uma única vez se iríamos nos ver essa semana, será que ele cansou de mim?

Melo sorri. Por que ela tá sorrindo se eu estou triste? Que tipo de amiga é essa?

- Você está muito preocupada pra quem disse que seria somente uma "exploração de corpos"... - ela levanta os dedos no alto da cabeça para as aspas - entre vocês dois. E daí se ele cansou?