12.

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Serkan

Normalmente minhas manhãs são tranquilas e agradáveis. Acordo calmamente, abro meus olhos, visualizo o lugar em que estou e então levanto.

Algumas manhãs tem sido diferentes porque Eda está nelas, emaranhada com suas pernas bem torneadas entre as minhas, seu cabelo fazendo cócegas em meu queixo e sua mão com dedos finos repousando em meu peito.

Ainda assim é um bom jeito de acordar, um ótimo jeito eu diria. Ok, o melhor jeito que já acordei durante todos esses anos. Mas não é sobre isso que estou incomodado, nesta manhã específica sinto Eda em meus braços mais uma vez só que há algo diferente.

Gritos? Não, berros. Berros e mais berros pela casa me trazem de volta para a realidade, longe dos sonhos.

Janete está no corredor gritando feito louca, parece que eu estava errado quanto a ela acordar e não ligar para minha ausência. Eda se remexe em meus braços e resmunga.

— Djsiskaj o despertador!

Sorrio. Porque ela fica muito bonita de olhinhos fechados e murmurando coisas desconexas.

Janete continua aos berros, que merda, me mexo, tentando tirar meu braço debaixo da cabeça de Eda mas ela se agarra mais em meu corpo.

— Não, tá quentinho aqui.

Ela sempre faz isso quando eu acordo antes. Tento me levantar mas nunca consigo, ela se agarra a mim como uma preguiça em um galho de árvore.

É fofa.

Os berros continuam ecoando pelo corredor e Eda finalmente abre os olhos, levanta a cabeça e me fita sonolenta.

— Eu avisei que ela ia sentir sua falta!

Sério? Eu estava aqui achando ela fofa e a primeira coisa que ela diz é “eu avisei”.

Antes que pudesse responder ou levantar da cama pra poder fazer a cabra ficar em silêncio Aylin aparece na porta do quarto – agora escancarada – com um chinelo na mão.

— Vovó? — digo, com os olhos arregalados.

Ela aperta os olhos em mim.

— Você abandonou Janete no meio da noite Serkan! Você tem noção de que estava sonhando com Mel Gibson e estávamos tendo um momento íntimo mas por sua causa a cabra está berrando pela casa e atrapalhou meu sonho? E você ainda me chama de vovó? — Aylin está possessa, vejo seu pescoço vermelho, os olhos furiosos, o tom da sua voz que indicam que ela quer me matar e cortar os pedaços. Ninguém atrapalha o sono de rainha de Aylin Mavi e agora minha vida está por um fio, então preciso apelar.

Eda nos olha tentando esconder o riso. Ela fez muito isso durante o tempo que estamos aqui.

Levanto da cama e ergo os braços em rendição.

— Você sabe Vo... — merda, não chama de vovó agora que piora — Aylin — corrijo — que eu jamais atrapalharia seu sonho com Mel Gibson de propósito por isso eu peço perdão e... aiiii — estou prestes a terminar a frase quando ela se aproxima e bate com o chinelo no meu braço.

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