7.

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Eda

Desapegar de um passado com lembranças ruins é essencial para que sua vida possa seguir um rumo livre e sem fios soltos.

Isso foi o que minha mãe disse quando meu relacionamento com Ozan chegou ao fim de maneira traumatizante.

Foi o que ela repetiu mais de mil vezes enquanto eu chorava por tudo que me tornei e por tudo que perdi durante o tempo que estive junto dele.

Levo essa frase comigo para me lembrar que não devo nada ao meu passado mas mesmo assim ainda estou ligada a ele. Os traumas não são tão fáceis de esquecer.

Fui traída, humilhada, feita de idiota e mesmo assim ele ainda tinha coragem de ligar para mim como se de alguma maneira eu ainda fosse uma marionete que faria tudo que ele quisesse.

Encerrei a ligação assim que ouvi sua voz e percebi que era ele.

"Eu não devo nada a você! NADA!"

Repeti várias vezes enquanto voltava para casa naquela noite após minha aula com Serkan.

Entrei em casa e fui direto para meu quarto. Percebi que meu nome foi chamado mas não me virei, não queria falar com ninguém, só queria me jogar na cama e gritar no meu travesseiro.

Uma batida na porta alterou meus planos.

- Não quero falar com ninguém!

- Dada, é a Melo! Tá tudo bem?

- Está!

- Tem certeza? - ela fez uma pausa - olha se Serkan fez alguma coisa com você eu juro que vou incinerar aquela geladeira duas portas!

Escutar Melo chamá-lo de geladeira me fez rir, o que era bom, assim a raiva diminuía e me impedia de chorar. Eu não queria chorar, já havia passado tempo demais chorando por aquele cara.

- Estou bem Melo, Serkan não fez nada - apesar de que tenho certeza que queria, pelo modo que me olhou quando desequilibrei pra cima dele na cama. Pelo jeito como me segurou junto ao seu corpo e como suas mãos estavam subindo de uma maneira deliciosa por minha coluna.

Balanço a cabeça jogando esses pensamentos longe.

Solto um suspiro cansado. Minha vida estava tão tranquila. ESTAVA.

- Está tudo bem, eu só preciso dormir - a tranquilizei e dei boa noite, não precisava conversar, eu já havia conversado muito sobre esse assunto e a mais de um ano eu estava bem. Eu estou bem agora e ele não vai atrapalhar isso.

Não dormi bem aquela noite.

No dia seguinte Serkan e eu cancelamos a aula. Ele tinha um jogo que iria terminar tarde e para ser sincera meu humor estava péssimo.

Serkan me deixava irritada e eu tinha certeza que se nos víssemos e ele soltasse alguma piadinha cretina eu iria querer bater a cabeça dele na parede ou socar aquele rosto bonito e safado.

Talvez sufocar ele com o travesseiro?

Mesmo que ele tenha um cheiro que é tão bom e mãos que quando encostam em mim trazem um formigamento gostoso para lugares que não fazia ideia que existissem.

Meu telefone vibrou no bolso de trás da calça. O número que havia me ligado na noite passada e deixado uma mensagem voltou a chamar.

Ignorei e fiquei encarando a tela do celular, bufei quando vi que havia deixado o arroz queimar. Nada estava dando certo.

- Eda?

Ceren havia aparecido na cozinha, no mínimo por conta do meus barulhos enquanto tentava fazer o jantar. Bati as portas dos armários. Bati as gavetas. Queimei o arroz e soltei quase um grito de raiva.

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