22.

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Eda

Inspira fundo. Expira todo ar devagar. Inspira fundo. Expira todo ar devagar.

— Vamos logo linda, a gente vai se atrasar.

Reviro os olhos porque sei que ele não pode ver meu rosto nessa posição. — Nós não vamos nos atrasar Serkan, ainda temos uma hora e meia.

— Sim. Mas até você tomar banho, se vestir e chegarmos lá podem acontecer vários imprevistos no meio do caminho e não quero deixar ela esperando.

Bufo baixinho e dou mais uma revirada nos olhos. Ele é tão exagerado e não sei porque está tão nervoso se quem vai ter a conversa sou eu. — Relaxa meu amor! — grito da sala. — são só quinze minutos até o café e eu nunca demoro pra me arrumar. — a não ser no dia do encontro em que estava surtando.

— Linda... — a voz dele está mais perto agora, não mais abafada pelas paredes que nos separavam. Espero ele continuar a frase mas nada acontece.
Franzo as sobrancelhas. — Tá aí cara?

Escuto um gemido e movo a cabeça um pouco para o lado para pegá-lo paralisado na entrada da sala, de queixo caído. Pigarreio e ele lambe os lábios, depois solta — A gente precisa testar essa posição no sexo.

Dou risada. Estou tentando terminar minha sessão de yoga de hoje, meu corpo está na postura do cachorro. Aquela em que você se curva até o chão, espalma as mãos nele e fica olhando pra baixo.

Eu entendo meu namorado por gostar dessa posição porque ele está atrás de mim agora, tendo uma visão da minha bunda empinada e ele é obcecado por essa parte específica do meu corpo. Não que ele não curta as outras também. Quando estamos juntos ele me venera e ama meu corpo todo e ama meu interior também assim como eu amo tudo nele.

Respiro fundo mais uma vez e ergo meu tronco devagar até estar totalmente em pé e ereta, finalizo assim já que Serkan não vai me deixar em paz até que eu vá me arrumar e nós estejamos no café esperando Julia.

Ele está nervoso com essa conversa e eu não vou mentir, eu também estou, e muito. Contar sobre o que aconteceu comigo e meu relacionamento anterior é uma merda mas eu vou fazer isso por ele, por mim e por esse bebê que é tão pequeno e não merece vir ao mundo para sofrer como Serkan sofreu vendo a mãe passar por momentos tão ruins.

Me viro na direção dele ainda encostado no batente da entrada da sala, braços musculosos cruzados sobre o peito, sorriso de canto, mas uma ruga de preocupação insiste em aparecer entre as sobrancelhas dele. Sorrio também porque ele é meu.

Me aproximo e ele enlaça minha cintura enquanto passo meus braços em seu pescoço. — Está preocupado? — pergunto e então desmancho as ondas da testa com o dedo. Ele sorri e assente.

— Estou nervoso com a reação dela.

Eu também estou. Mas não digo a ele, não vou desistir dessa conversa. O quanto antes ela abrir os olhos melhor para ela e para o bebê. Então, fico na ponta dos pés e roço meus lábios nos dele. — Vai dar tudo certo, vamos fazer isso e depois correr pra casa pra testar aquela posição no quarto. — ele aperta minha cintura eu deixo um beijo rápido na sua boca e subo correndo para tomar um banho.

***


Quinze minutos antes do horário combinado e aqui estamos nós no Café ao pé da letra, uma cafeteria muito aconchegante e com um aroma espetacular em que tem um cantinho especial e silencioso em que você pode sentar e ler enquanto aprecia seu café, ou chocolate quente ou só o silêncio.

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