29.

1.4K 150 91
                                    

Eda

“Conversa com o inimigo...”

Chegamos no lado de fora do grande salão da exposição, em uma parte afastada da entrada para não sermos vistos juntos — imagino. Meu coração se aperta por receio de que esse homem parado em minha frente faça algo que ponha Julia e a bebê em perigo, medo de que Serkan o veja e queira descontar toda sua raiva acumulada durante anos quando os dois estiverem cara a cara e pavor por estar sozinha aqui nesse lugar escuro e recluso onde não tenho certeza se alguém pode me escutar.

Engulo a bile que sobe pela minha garganta e forço meu rosto a mostrar uma expressão despreocupada enquanto aguardo Alptekin falar a que propósito veio até mim.

— Como está minha mulher?

Cruzo os braços em frente ao peito e ergo meus ombros em uma posição que — na minha cabeça — demonstra altivez.

— Que mulher? — questiono com a voz firme.

Ele sorri. Um sorriso frio, sem afeição alguma.

— Como está Julia e minha filha?

— Muito bem!

Ele assente. — Sabe Eda querida, foi muito deprimente chegar em casa após deixar minha linda mulher esperando e não encontrá-la em nenhum lugar.

— Que pena.

Ele tomba a cabeça para o lado esquerdo me avaliando. — Você pode imaginar o quanto me senti ofendido e triste por ela ter me deixado sem ao menos um motivo.

Meus dedos apertam forte meu braço, tão forte que minhas unhas queimam minha pele e a dor me lembra de que não é uma boa ideia explodir estando sozinha com esse homem.

Me limito a ficar com uma expressão — espero eu — serena.

— Você sabe dos motivos por ela ter ido embora.

Ele assente. — Na verdade sei sim. Você e meu filho, aquele moleque fraco e insolente, encheram tanto a cabeça dela com suas picuinhas que a fizeram sentir medo de mim.

Bufo. Ele acha mesmo isso? O cara é um completo maníaco.

Continuo esperando que essa conversa toda nos leve para algum objetivo.

— Seu cachorrinho deve ter contado que nos encontramos com Julia no café não é!? — pergunto e afirmo. Ozan certamente falou o que Julia o confidenciou achando que ele iria guardar para si.

— Meu cachorrinho? — ele me olha intrigado.

— Ozan. — seu nome queima em minha boca.

Alptekin abre mais seu sorriso. — Ah sim, Ozan. O único capaz de ser fiel a mim. O único leal e que abriu meus olhos quando meu filho me apunhalou pelas costas sendo influenciado por uma mulher.

Ele fala mulher com desdém, como se a palavra fosse nojenta, como se falar isso custasse muito a ele.

— Seu filho sabe bem distinguir o bom do mal. Ele é um cara incrível que...

Confusão do Destino ✅️Onde histórias criam vida. Descubra agora