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“O que é o amor afinal,
se não for respeito,
confiança e admiração


Eda


O caminho até a casa do pai de Serkan se tornou mais distante com a angústia que estávamos sentindo. Queria ser uma motorista melhor nessa hora para poder dirigir por ele. Por fora ele está tentando parecer calmo mas sei que sua cabeça está o próprio caos.

Durante nossa caminhada/corrida até o estacionamento da biblioteca para pegarmos o carro dele, Serkan me contou o que Julia havia lhe dito. O pai dele tinha acabado de sair, tinha assustado ela, tanto que ela chegou a achar que ele poderia ter partido para agressão física. Pensar nisso me fez estremecer.

Pensar nisso também me faz pensar muito no passado. Ozan nunca levantou a mão pra mim, mas o agressor verbal está a um passo ou tapa de algo maior. Está sempre prestes a passar a linha de palavras e mudar para o ataque físico.

Minha garganta está apertada, não sei o que vamos encontrar quando chegarmos lá e isso me assusta. Se o pai dele tiver voltado pra casa até a hora de chegarmos não sei o que Serkan é capaz de fazer.

Eu o conheço muito bem e por isso sei que — olhando dentro dos olhos dele — há medo, angústia, vergonha, raiva, tristeza. Eu só queria que ele não precisasse passar por isso.

O telefone toca quando estamos a quinze minutos de nosso destino, Serkan tira do bolso da calça e me entrega, é Julia novamente e ver o nome dela na tela do celular faz meu coração bater ainda mais acelerado. Espero que ela não tenha desistido.

Atendo. — Oi Júlia, é a Eda.

Ela respira devagar. — Oi Eda, sinto muito ligar de novo mas eu precisava avisar que não estou mais em casa, eu estou indo pro hospital.

Meus olhos quase saltam pra fora. — Hospital? Por que? O que aconteceu? — tento acalmar meu estado para fazer as perguntas certas. — Qual hospital Julia?

Ela me dá o endereço, diz que não sabe dizer se tudo está bem mas que espera encontrar a gente lá e que o pai de Serkan não faz ideia que ela saiu de casa porque quando a ambulância chegou ele ainda não havia voltado.

Pegamos o caminho do hospital em seguida.

***

— Serkan, você precisa parar de andar de um lado pro outro vai furar o piso. — coloco a mão em seu braço e o faço parar.

Ele aperta as pálpebras com os dedos e suspira frustrado. — Tá demorando demais pra chamarem a gente Eda.

— Eu sei meu amor mas você precisa esperar mais um pouco até ela fazer todos os exames.

Ele me encara e assente. — Vem, vamos sentar ali na sala de espera.

Puxo meu namorado pela mão até estarmos sentados em duas cadeiras de plástico. Assim que ele senta começa a bater o pé no chão impacientemente. Pouso minha mão em seu joelho para acalmar o nervosismo.

— Alguém que veio ver Julia Davis?

Ficamos em pé no mesmo segundo ao ouvir o nome dela. Seguimos uma enfermeira pelo corredor branco do hospital até estarmos no quarto 402, número esse gravado em letras prateadas no alto da porta.

Serkan abre a porta e me deixa entrar na frente. Julia está acordada e quando nos vê, sorri. — Oi. — digo. — como você está?

Ela faz um sinal para que nos aproximemos da cama. — Estou bem, foi só um susto pelo momento estressante que vivi mas — ela pousa a mão na barriga redondinha. — estamos bem.

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