Capítulo 30 - Presente

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O Encontro - Parte 2

Não haviam muitas pessoas no aeroporto e as que haviam eram em maioria funcionários das companhias aéreas ou vendedores das lojas de lembranças ou de fast-foods. Essa falta de movimento me deixava ainda mais ansiosa.

Eu havia chegado a pouco menos de quinze minutos. Já havia me sentado, no mínimo, de cinco maneiras diferentes na cadeira e não fazia ideia de quantas vezes havia ido de um canto ao outro da área de espera.

Levantei a cabeça para a tela plana pendurada na parede ao meu lado e conferi as horas: 00:15. Apenas três minutos haviam se passado desde a última vez que olhei, mas prendi a respiração mesmo assim. De acordo com a previsão, agora faltavam apenas cinco minutos para o pouso do avião onde Bia estava.

Eu não sabia dizer se queria que aqueles cinco minutos voassem ou continuassem se arrastando. Felizmente ou não, não precisei me decidir, pois um avião acabava de pousar na pista. O avião de Bia.

Art me convidou para o encontro na segunda-feira e Bia viajou na terça-feira. Hoje era sábado, quero dizer, domingo (já havia se passado da meia-noite) e seria o dia em que eu falaria tudo para Beatriz.

Eu encontrei com Beatriz pessoalmente mais três vezes depois de nos esbarramos na porta de Arthur. Nós fomos juntas para o aeroporto. Nós conversamos por mensagens todos os dias. Somos melhores amigas desde os oito anos de idade. E, em todo esse tempo, eu nunca tive coragem de falar a verdade para ela.

Mas isso mudaria hoje. Hoje eu falaria tudo.

Peguei meu capacete e andei a passos lentos para a área de desembarque, tentando fazer um discurso na cabeça durante o caminho.

Eu seria direta e objetiva. Sabia o que queria falar, então não iria enrolar. Assim que a visse diria: Fui a um encontro com seu irmão. Sou apaixonada por ele desde que éramos crianças. Ele me pediu em namoro. Eu quero muito aceitar.

Bia não iria me odiar. Ela entenderia. Beatriz era dramática, mas também era a pessoa mais compreensível que eu conhecia. Se alguém atirasse no pé dela e dissesse: "fiz isso porque estava estressade", a primeira atitude dela seria perguntar: "você está melhor agora? Quer conversar?", porque Beatriz era esse tipo raro de pessoa. Eu não precisava ficar com medo. Daria tudo certo.

Cheguei ao portão de desembarque segundos antes de Bia atravessá-lo. Ela estava usando um vestido longo cor-de-rosa com estampa de morangos, que eu sabia pertencer a Pietra, que, curiosamente, não estava com ela.

Beatriz puxava uma mala pequena de rodinhas com uma mão e com a outra segurava um livro que eu não conhecia, mas que tinha uma capa bonita. Ela sorriu quando me viu (o que não foi difícil, já que, contando comigo, só haviam quatro pessoas esperando do lado de fora) e caminhou em minha direção.

- Oi! - ela me abraçou - Não pensei que fosse te encontrar aqui.

- Por que não? Em que outro lugar eu estaria? Eu sempre vou estar onde você estiver, porque somos melhores amigas e eu amo você. - digo tudo muito rápido, sem respirar e tropeçando nas palavras.

Beatriz estreitou os olhos e abriu um sorriso de canto pouco depois. Um sorriso malvado.

- Ok - se ela percebeu meu nervosismo, não comentou - Como foi a estreia da exposição? O Arthur...

- Foi ótima, mas onde está Pietra? Ela não vinha com você? - perguntei interrompendo-a. O nervosismo havia consumido toda a minha coragem, então eu faria o possível para adiar o tópico "Arthur" o máximo que eu pudesse.

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