Capítulo 14 - Presente

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Era sábado, dia em que eu normalmente acordava apenas às onze horas, mas hoje havia sido diferente. Eu estava de pé desde as seis da manhã, pois havia feito questão de levar Xandão, Joca e Letícia ao aeroporto. Quando retornei para casa estava sem sono, então saí para correr com Isthar. Eu havia mandado uma mensagem para Pedro às sete e meia, chamando-o para tomar café-da-manhã comigo, mas já eram dez horas, ele não havia respondido e eu estava morrendo de fome, então parei na lanchonete que costumava frequentar e pedi uma vitamina de abacate. Depois disso voltei para casa e concluí um trabalho da faculdade que estava pendente.

Que minhas mães jamais saibam disso (pois me acordariam cedo para o resto da vida), mas estava sendo um dia extremamente produtivo e proveitoso, e ainda eram doze e quarenta e cinco da tarde.

Eu estava no chão brincando com Íris quando meu celular tocou. Era Ariel:

- Fala, Ari - atendo

- Hey, gata. Tá ocupada? - pergunta

- Pra você? Nunca. Precisa de algo?

- Na verdade preciso sim. Tenho que sair para resolver algumas coisas com os fabricantes e queria saber se você não pode vir mais cedo pra cá.

Afastei o celular do ouvido e olhei as horas: doze e quarenta e nove, meu turno começava ás duas e meia.

- Claro, posso sim. Mais cedo quando?

- Agora, de preferência. - ouvi sua risada

- Beleza. Tô chegando aí.

- Valeu gata. - Ariel encerrou a chamada.

Levantei do chão, coloquei Íris de volta em sua gaiola, peguei uma liga de cabelo no armário e comecei a trançar rapidamente meus fios enquanto encarava meu reflexo no espelho. Eu estava de macacão jeans hoje, com um grande bolso na frente do peito, onde estava o desenho do gato Jiji. Na parte detrás e nas calças da roupa também haviam outros desenhos dos personagens de filmes do studio Ghibli. Minha blusa era um cropped simples preto (sem sutiã, obviamente) e, terminada a trança no cabelo, calcei meus tênis de sempre da Converse.

Peguei a chave da moto, minhas luvas, o capacete e saí do quarto. Encontrei minhas mães agarradinhas no sofá assistindo algum filme do Harry Potter (a paixão era de família).

- Estou indo trabalhar. - aviso

- Ainda não está cedo? - perguntou mami Lola erguendo a cabeça para me olhar

- Ariel vai sair e precisa de alguém para cuidar da loja. - respondo

- Bom trabalho, querida. - diz mamãe Bárbara

- Qualquer coisa liga - acrescenta mami Lola

- Ou lança alguma imperdoável. - adiciona mamãe Bárbara.

- Bárbara! - mami Lola ralha com a esposa.

- É apenas em caso de emergência! - mamãe Bárbara se defende - Vai que Lord Edgar aparece, ela tem que estar preparada! - damos risada

Elas levavam todo o universo de Harry Potter bem a sério (eu não podia julgar, também levava).

- Tenho que ir - digo colocando as luvas - Não se preocupem, vou evitar ao máximo lançar uma maldição em alguém.

- ¿Jura? - perguntou mami Lola

- Eu juro solenemente não fazer nada de bom. - respondo sorrindo e caminhando até a porta

Antes de sair, no entanto, ainda posso ouvi-la falar:

- ¡Esta terquedad viene de tu lado de la familia!

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