- Cariño, - diz mami Lola, parando no batente da porta do meu quarto. Retiro o fone de ouvido da cabeça – tem visita para você.
- Quem é? – pergunto me levantando da cama.
- Se eu disser você não vai acreditar. É melhor ir ver com seus próprios olhos.
Franzo a testa em confusão, mas apenas sigo pelo corredor até a sala, onde encontro Arthur em pé, ao lado da poltrona, segurando uma sacola grande e com fones de ouvido antirruídos caído sobre os ombros.
Arqueio as sobrancelhas surpresa.
- Oi. – ele diz – Eu vim sozinho.
Sorrio grande
- Sério? – me aproximo dele – Que máximo, Art! Obrigada pela visita. Como conseguiu chegar aqui?
- Eu fiz um mapa, é claro. – ele responde me mostrando um mapa desenhado que estava guardado no bolso do seu jeans.
- É claro. – sorrio e ele torna a guardar o desenho.
- Eu sei que deveria ter avisado antes, mas não tive como. – ele disse
- Não tem problema. Mi casa es tu casa. Você pode aparecer aqui e entrar quando quiser. Certo, mami? – viro para trás esperando que mami Lola reforce a afirmação, mas ela não estava mais na sala conosco. – Ué, quando ela saiu?
Art solta uma risada curta e baixa.
- Trouxe isso para Lilith. – ele diz e me estende a sacola que segurava. Abro-a e encontro alguns sachês de comida, um arranhador com mola e bola, um rato de pelúcia, duas bolas de plástico e um novelo de lã.
- Uau! – eu digo voltando a olhar para ele – Obrigada, ela vai amar o novelo e mami Lola e o sofá agradecem pelo arranhador.
Sorrio e ele espelha o gesto.
- De nada.
- Mas cuidado: se fizer isso de novo eu vou acabar me apaixonando – mais – por você. – falo em tom zombeteiro virando as costas para colocar a sacola sobre a poltrona.
- Vai se apaixonar por mim se eu comprar coisas para a sua gata? - ele perguntou parecendo genuinamente curioso.
- É claro! Nunca ouviu falar que o caminho mais fácil de se conquistar uma mãe solteira é agradando a filha dela? – termino a frase com uma piscadela.
Arthur ergue uma sobrancelha, parecendo pensativo e ligeiramente confuso. Antes que mais algum de nós diga mais alguma coisa, no entanto, mami Lola retorna para a sala com um pano de prato nas mãos.
- Arthur, carinõ – ela diz. Exceto a mim e à mamãe Bárbara, os únicos que possuíam o privilégio de serem chamados por esse apelido eram Art e Bia. – Vai ficar para jantar conosco?
- Desculpa Lola, mas eu disse para meu pai que voltaria para casa para o jantar. – ele respondeu.
- Tudo bem, mas na próxima vez que vier tem que ficar para a refeição com a gente, entendido? – perguntou mami Lola. A sugestão saiu mais como uma intimação à um convite.
-Sim, entendido. Obrigado.
Mami Lola sorriu e voltou a sair da sala. Viro-me novamente para Art:
- Vamos para o meu quarto? Lilith está dormindo lá.
Arthur assentiu e me seguiu até meu santuário, onde Lilith ronronava sobre meu travesseiro na cama. Arthur demorou seus olhos em todos os cantos do meu quarto, em uma análise cuidadosa, curiosa e sem pressa. Era a primeira vez que ele entrava ali, percebi assustada.
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Espectro das Cores
RomanceWit tem vinte e dois anos e está no seu penúltimo ano da faculdade de medicina veterinária. Ela tem duas mães que a apoiam, uma melhor amiga incrível, um namorado perfeito e tem Arthur, o irmão mais velho da sua melhor amiga, que está no espectro au...