Capítulo 28 - Passado

129 10 0
                                    

- Cariño, - diz mami Lola, parando no batente da porta do meu quarto. Retiro o fone de ouvido da cabeça – tem visita para você.

- Quem é? – pergunto me levantando da cama.

- Se eu disser você não vai acreditar. É melhor ir ver com seus próprios olhos.

Franzo a testa em confusão, mas apenas sigo pelo corredor até a sala, onde encontro Arthur em pé, ao lado da poltrona, segurando uma sacola grande e com fones de ouvido antirruídos caído sobre os ombros.

Arqueio as sobrancelhas surpresa.

- Oi. – ele diz – Eu vim sozinho.

Sorrio grande

- Sério? – me aproximo dele – Que máximo, Art! Obrigada pela visita. Como conseguiu chegar aqui?

- Eu fiz um mapa, é claro. – ele responde me mostrando um mapa desenhado que estava guardado no bolso do seu jeans.

- É claro. – sorrio  e ele torna a guardar o desenho.

- Eu sei que deveria ter avisado antes, mas não tive como. – ele disse

- Não tem problema. Mi casa es tu casa. Você pode aparecer aqui e entrar quando quiser. Certo, mami? – viro para trás esperando que mami Lola reforce a afirmação, mas ela não estava mais na sala conosco. – Ué, quando ela saiu?

Art solta uma risada curta e baixa.

- Trouxe isso para Lilith. – ele diz e me estende a sacola que segurava. Abro-a e encontro alguns sachês de comida, um arranhador com mola e bola, um rato de pelúcia, duas bolas de plástico e um novelo de lã.

- Uau! – eu digo voltando a olhar para ele – Obrigada, ela vai amar o novelo e mami Lola e o sofá agradecem pelo arranhador.

Sorrio e ele espelha o gesto.

- De nada.

- Mas cuidado: se fizer isso de novo eu vou acabar me apaixonando – mais – por você. – falo em tom zombeteiro virando as costas para colocar a sacola sobre a poltrona.

- Vai se apaixonar por mim se eu comprar coisas para a sua gata? -  ele perguntou parecendo genuinamente curioso.

- É claro! Nunca ouviu falar que o caminho mais fácil de se conquistar uma mãe solteira é agradando a filha dela? – termino a frase com uma piscadela.

Arthur ergue uma sobrancelha, parecendo pensativo e ligeiramente confuso. Antes que mais algum de nós diga mais alguma coisa, no entanto, mami Lola retorna para a sala com um pano de prato nas mãos.

- Arthur, carinõ – ela diz. Exceto a mim e à mamãe Bárbara, os únicos que possuíam o privilégio de serem chamados por esse apelido eram Art e Bia. – Vai ficar para jantar conosco?

- Desculpa Lola, mas eu disse para meu pai que voltaria para casa para o jantar. – ele respondeu.

- Tudo bem, mas na próxima vez que vier tem que ficar para a refeição com a gente, entendido? – perguntou mami Lola. A sugestão saiu mais como uma intimação à um convite.

-Sim, entendido. Obrigado.

Mami Lola sorriu e voltou a sair da sala. Viro-me novamente para Art:

- Vamos para o meu quarto? Lilith está dormindo lá.

Arthur assentiu e me seguiu até meu santuário, onde Lilith ronronava sobre meu travesseiro na cama. Arthur demorou seus olhos em todos os cantos do meu quarto, em uma análise cuidadosa, curiosa e sem pressa. Era a primeira vez que ele entrava ali, percebi assustada.

Espectro das Cores Onde histórias criam vida. Descubra agora