Capítulo 25 - Presente

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Hoje era sábado e eu estava na clínica veterinária. Eu não estagiava nos finais de semana, mas um dos funcionários não pôde ir e eu fui chamada para substituí-lo. Seria só meio período, as horas contariam para o meu estágio e eu ainda receberia uma diária. Eu aceitei o chamado sem pensar duas vezes.

A manhã estava sendo agitada. Logo cedo recebemos uma calopsita com a asa quebrada, seguida por uma pug em trabalho de parto, depois por um bode com intoxicação alimentar, um pato atropelado e por fim um coelho engasgado com alface.

Além disso, ainda tínhamos os pacientes internos para manter os cuidados e fazer exames rotineiros. Aquelas estavam sendo as sete horas de serviço mais agitadas desde que eu comecei o estágio e tudo o que eu queria no momento eram cinco minutos de descanso onde eu pudesse sentar e beber um copo de água sem ser interrompida.

- Wit, já terminou de limpar os aquários? - perguntou doutora Júlia, repentinamente aparecendo ao meu lado.

- Sim, esse foi o último. - respondo virando-me para ela. Júlia segurava algumas pastas e papéis nas mãos - Precisa de ajuda?

- Ah, não. Só vim informar que seu horário acabou. Está liberada. - ela respondeu

- Obrigada. - digo, ela assente e vira as costas, seguindo para a saída.

Guardei todos os utensílios de higienização de aquários que estava usando em seus devidos lugares e segui para a recepção, parando no vestiário onde peguei meu capacete e pendurei meu jaleco no cabide do meu armário no meio do caminho.

- Ei, seu turno acabou já faz vinte minutos. - disse Kelly, a recepcionista, quando me aproximei.

- Estava ocupada com os aquários, nem vi as horas passando. - respondi colocando o capacete sobre o balcão.

- Hoje está sendo bem agitado. - ela disse e deu uma risadinha. Em seguida abriu uma gaveta de onde tirou um envelope. - Seu pagamento, o chefe deixou aqui para você porque teve que sair.

- Obrigada. - pego o envelope - Não tenho que assinar nada?

- Sobre o dinheiro não, isso foi um acordo interno, mas você pode autografar esse papel aqui. - ela disse e me estendeu o papel de controle e cronograma do estágio que eu teria que entregar para a faculdade. Sorri e assinei o documento, como sempre fazia após todas as horas que passava na clínica.

- Valeu, Kelly. - agradeço

- Disponha. - ela respondeu guardando o papel e a caneta.

Passei as mãos pelos bolsos, checando se estava com minhas chaves e celular, peguei meu capacete e segui para a porta de saída, onde esbarrei com uma pessoa que entrava correndo.

- Gabi? - perguntei surpresa

- Wit? - ela me olhou com seus olhos chorosos - Wit! A Eva, ela, ela, ela não está respirando! Eu não sei o que fazer! Eu... ela... - Gabi se tremia e soluçava enquanto olhava para a pequena tartaruga dentro do aquário em seus braços.

Coloquei meu capacete no chão, ao lado dos meus pés, e aproximei meu rosto do aquário, analisando o animalzinho. Eva parecia meio débil e respirava com a boca aberta, enquanto secreções e mucos escorriam de suas narinas. Peguei o aquário com cuidado das mãos de Gabi e refiz o caminho para dentro da clínica.

- Ela está assim a quanto tempo? - perguntei

- Eu não sei, mas ela não come direito a uma semana. - Gabi respondeu caminhando nervosa ao meu lado.

- Kelly - eu digo chegando no balcão de recepção

- Doutor Marcos e sala sete estão prontos para recebe-la. - a mulher responde tirando o telefone fixo do ouvido. Abro um sorriso agradecido para ela e sigo na direção do consultório mencionado.

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