Capítulo 6 - Presente

196 18 2
                                    

- É aqui que um príncipe precisa ser resgatado? – pergunto quando Art passa pela porta do consultório terapêutico.

- O que está fazendo aqui? – ele olha para os lados da sala de espera – Onde está Bia?

- Bia teve problema com o carro. Ele não estava ligando de forma alguma então ela teve que chamar um reboque e o levar para a oficina. E eu estou aqui para te levar para casa. De nada. 

- Não vou com você.

- Por que?

- Vai me levar na sua moto, não é?

- Sim.

- Não vou subir naquilo. Principalmente com você pilotando.

Ele senta no sofá e eu cruzo os braços.

- Eu tenho habilitação desde os dezoito, para sua informação.

- Eu sei.

- E eu piloto muito bem.

- E muito rápido. Eu coloquei no GPS e vi que o tempo do percurso da sua faculdade até minha casa é de vinte minutos. Você sempre chega em quinze, e as vezes em treze.

- Pelas deusas de Asgard, Arthur! Cinco minutos!

- Às vezes sete.

- Tá. Vai fazer o que então? Ficar sentado aí até Bia sair da oficina?

- Sim.

Suspiro.

- Olha, nós podemos ir devagar. – sugiro e ele parece ponderar.

- E respeitar todas as normas e sinalizações do trânsito?

- Eu sempre respeito as normas e sinalizações! – ele ergue uma sobrancelha – Tá, nem sempre. Mas vou respeitar tudo quando formos, tá bom?

- Tá, mas e o meu hiperfoco? E se eu gostar de alguma cor no caminho e esquecer de segurar?

- Pensei em algumas soluções para isso. A primeira: paramos no Sex Shop da esquina e compramos uma algema. 

- Não. – ele nega imediatamente.

- A segunda: paramos no Sex Shop da esquina e compramos uma venda.

- Não – ele ponderou um pouco antes de responder.

- A terceira: paramos no Sex Shop da esquina e

- Tem alguma solução em que não temos que parar no Sex Shop da esquina? – ele me interrompe. 

- Não – sorrio

Ele nega com a cabeça e depois de um tempo diz:

- Tudo bem, já sei o que fazer. Vamos.

Arthur levanta do sofá e eu do braço da poltrona, onde havia me sentado em algum momento. Pego os dois capacetes na mesa de centro da sala e seguimos para fora do prédio.

Quando paramos em frente à minha Harley-davidson preta dos anos 2000 (da qual eu tinha muito orgulho e ciúme) entreguei os dois capacetes para Art.

- Qual o plano? – pergunto tirando as luvas de couro sintético do bolso traseiro da minha calça jeans (aquela com a pintura do Abaporu) e vestindo-as.

- Você. – ele disse, simplesmente.

Eu convivia a tanto tempo com Art que costumava entender o que ele queria dizer antes mesmo de completar a frase, ou, até mesmo, antes de começa-la. No entanto, meu cérebro neurotípico não foi capaz de acompanhar o raciocínio lógico e rápido do brilhante cérebro de Arthur desta vez. Então franzo as sobrancelhas e peço:

Espectro das Cores Onde histórias criam vida. Descubra agora