- É aqui que um príncipe precisa ser resgatado? – pergunto quando Art passa pela porta do consultório terapêutico.
- O que está fazendo aqui? – ele olha para os lados da sala de espera – Onde está Bia?
- Bia teve problema com o carro. Ele não estava ligando de forma alguma então ela teve que chamar um reboque e o levar para a oficina. E eu estou aqui para te levar para casa. De nada.
- Não vou com você.
- Por que?
- Vai me levar na sua moto, não é?
- Sim.
- Não vou subir naquilo. Principalmente com você pilotando.
Ele senta no sofá e eu cruzo os braços.
- Eu tenho habilitação desde os dezoito, para sua informação.
- Eu sei.
- E eu piloto muito bem.
- E muito rápido. Eu coloquei no GPS e vi que o tempo do percurso da sua faculdade até minha casa é de vinte minutos. Você sempre chega em quinze, e as vezes em treze.
- Pelas deusas de Asgard, Arthur! Cinco minutos!
- Às vezes sete.
- Tá. Vai fazer o que então? Ficar sentado aí até Bia sair da oficina?
- Sim.
Suspiro.
- Olha, nós podemos ir devagar. – sugiro e ele parece ponderar.
- E respeitar todas as normas e sinalizações do trânsito?
- Eu sempre respeito as normas e sinalizações! – ele ergue uma sobrancelha – Tá, nem sempre. Mas vou respeitar tudo quando formos, tá bom?
- Tá, mas e o meu hiperfoco? E se eu gostar de alguma cor no caminho e esquecer de segurar?
- Pensei em algumas soluções para isso. A primeira: paramos no Sex Shop da esquina e compramos uma algema.
- Não. – ele nega imediatamente.
- A segunda: paramos no Sex Shop da esquina e compramos uma venda.
- Não – ele ponderou um pouco antes de responder.
- A terceira: paramos no Sex Shop da esquina e
- Tem alguma solução em que não temos que parar no Sex Shop da esquina? – ele me interrompe.
- Não – sorrio
Ele nega com a cabeça e depois de um tempo diz:
- Tudo bem, já sei o que fazer. Vamos.
Arthur levanta do sofá e eu do braço da poltrona, onde havia me sentado em algum momento. Pego os dois capacetes na mesa de centro da sala e seguimos para fora do prédio.
Quando paramos em frente à minha Harley-davidson preta dos anos 2000 (da qual eu tinha muito orgulho e ciúme) entreguei os dois capacetes para Art.
- Qual o plano? – pergunto tirando as luvas de couro sintético do bolso traseiro da minha calça jeans (aquela com a pintura do Abaporu) e vestindo-as.
- Você. – ele disse, simplesmente.
Eu convivia a tanto tempo com Art que costumava entender o que ele queria dizer antes mesmo de completar a frase, ou, até mesmo, antes de começa-la. No entanto, meu cérebro neurotípico não foi capaz de acompanhar o raciocínio lógico e rápido do brilhante cérebro de Arthur desta vez. Então franzo as sobrancelhas e peço:
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Espectro das Cores
RomanceWit tem vinte e dois anos e está no seu penúltimo ano da faculdade de medicina veterinária. Ela tem duas mães que a apoiam, uma melhor amiga incrível, um namorado perfeito e tem Arthur, o irmão mais velho da sua melhor amiga, que está no espectro au...