~ Beatriz ~
Acordamos depois do meio dia no domingo, o que não surpreendeu realmente nenhum de nós.
Abri meus olhos devagar e os foquei nos fios de cabelos ruivos cobrindo o rosto da mulher mais linda do mundo, deitada em minha frente. Com as pontas dos meus dedos, suavemente, os coloquei para trás de sua orelha e contornei os traços delicados do seu rosto.
Pietra sorrir antes de abrir os olhos e deita sua cabeça na curva entre o meu pescoço e minha clavícula, onde distribui selares doces e castos. Passo meu braço ao redor de sua cintura e a puxo para mais perto. Ela levanta o rosto e junta nossos lábios em um selinho, que logo se transforma em um beijo calmo e preguiçoso. Eu amava acordar dessa forma.
O clima romântico se dissipa assim que Wit se joga sobre nós, nos obrigando a separar nossos corpos para que ela se deite entre eles.
- Não me deixaram transar ontem, não vou deixar vocês transarem hoje. - ela implicou e mostrou a língua.
- Idiota. - eu reclamo
"Bom dia para a Pietra, para Bia é só dia" - ela gesticula, Pietra sorrir e eu rolo os olhos.
"Bom dia, Wit, você parece cansada" - respondeu minha ruiva
"Ela quis dizer que você tá parecendo um zumbi" - encrenco
"Eu estou com ressaca e morrendo de dor de cabeça" - Wit boceja - "E morrendo de fome também. Vomitei tudo que tinha no estômago mais cedo, quando fui levar a galinha para fora"
"Já tomou algum remédio?" - pergunto
"Não tinha nada aqui. Art saiu para comprar" - ela responde
"Deve ser por causa da bebida, todos nós exageramos ontem" - Pietra disse e deu uma risadinha. Wit concordou com a cabeça e com um resmungo - "Vou ao banheiro e depois vou ver se encontro algo para comermos"
Pietra se levanta e me beija na testa antes de sair. Talvez dois minutos depois eu finalmente ergo o tronco e me sento no colchão. Gabriel estava roncando em seu canto e Rafael não estava na sala.
Volto a olhar para Wit deitada na cama e tenho um choque de realidade, que me desperta totalmente dos requisitos de sono, ao ver seus olhos cheios de lágrimas e seu lábio inferior preso entre os dentes, segurando o choro.
- Wit?! - me deito ao seu lado e toco o seu rosto - O que aconteceu? Está com tanta dor assim? - pergunto preocupada e desço os olhos para suas mãos, que abraçavam fortemente seu estômago.
- Bia - ela sussurrou com a voz trêmula - Estou com tanto medo, eu...
- Medo? Medo de quê? - eu tentava esconder o desespero da minha voz - Foi Edgar? Ele fez ou disse algo a você? - ela nega com a cabeça - É algo sobre Arthur?
Wit encolhe os ombros e lágrimas começam a descer como cascatas de seus olhos, enquanto ela tenta segurar os soluços.
- Eu - ela começa, mas não termina. O aperto que ela faz em seu estômago aumenta e eu seguro suas mãos para evitar que ela se machuque.
- Tudo bem, pode me dizer. O que aconteceu? - pergunto olhando em seus olhos, para lhe passar confiança.
- Minha menstruação está atrasada, e ela nunca atrasa. - ela tenta respirar fundo para se acalmar, mas sua voz ainda falha quando ela completa: - E Art e eu, nós, na primeira vez nós não... não nos protegemos.
Minha boca se abre quando a compreensão alcança meu cérebro agora completamente desperto.
- Você acha que pode estar grávida? - pergunto baixo e ela se encolhe
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Espectro das Cores
RomanceWit tem vinte e dois anos e está no seu penúltimo ano da faculdade de medicina veterinária. Ela tem duas mães que a apoiam, uma melhor amiga incrível, um namorado perfeito e tem Arthur, o irmão mais velho da sua melhor amiga, que está no espectro au...