Eu me virei com um pouco de raiva, pronta para dar um soco bem no meio da cara de quem é que seja que tinha nos interrompido. Mesmo que eu não soubesse realmente como como dar um soco em alguém.
― Carlos ― eu constatei o óbvio.
― Atrapalhei alguma coisa? ― Carlos perguntou, embora não parecesse chateado ou com raiva ou enciumado; estava apenas sendo curioso mesmo.
― Não, eu estava só conversando com o Alex ― eu sorri para o meu barman e mostrei o anel improvisado ao Carlos. ― Nós nos casamos, olha.
A brincadeira não pareceu fazer tanta graça assim aos olhos de Carlos. Ele pediu por um gole da minha groselha e acabou virando tudo de uma vez só.
― Desculpe, eu estou um pouco nervoso ― ele falou, me devolvendo o copo. ― Foi minha primeira coletiva. Você acha que eu fui bem?
― Ah, você foi uma gracinha ― garanti e apertei a bochecha dele.
Alex, atrás de mim, riu discretamente e se afastou para o outro lado do bar, com a intenção de nos dar privacidade. Eu tive que segurar a parte de mim que queria berrar para ele não ir embora, e voltei minha atenção para Carlos.
― Você nem mesmo estava prestando atenção ― Carlos estava reclamando, fazendo um biquinho.
Sorri ao ver um homem crescido se comportando como uma criança.
― É claro que eu estava! ― eu afirmei, rindo.
― Não estava, não ― agora ele assumiu um tom acusatório, quase ciumento, como se a falta da presença "ameaçadora" de Alex o permitisse revelar sua real faceta. ― Você estava era conversando com o cara dos drinks.
Revirei meus olhos e apoiei o cotovelo no balcão, para apoiar meu rosto entediado.
― Não seja bobo, Carlos ― retruquei, não querendo entrar em uma discussão idiota. ― Eu escutei tudo o que você falou. Só parei de prestar atenção quando meu pai começou com o blá blá blá.
Carlos não me negou um sorriso.
― Seu pai não estava falando blá blá blá ― contrariou-me com convicção. ― Ele estava apresentando o resto do elenco, como o Max, a Lola, a Rosa, o Estevan, o Ril, o Comandante Alfredo...
― Blá blá blá ― eu repeti, revirando os olhos e dando uma risada. ― Pelo menos ele ainda não anunciou a Mel. Anunciou?
Carlos se permitiu brincar com meus nervos por alguns segundos.
― Não ― ele disse enfim. ― Ainda não. Ele vai anunciá-la por último.
― Quem é aquele velho que está no palco com meu pai agora mesmo? ― eu perguntei.
― Aquele é Goldivar. O diretor ― explicou com ar astuto. ― E a moça que está subindo é a produtora, Cloé.
― Cloé Le Blanc ― meu pai anunciou, rodopiando a mulher de cabelos curtos que ficava muito mal ajustada de vestido. Mas ela tinha um corpo bonito. Talvez ficasse melhor de calças jeans. ― Pronto, agora que temos os três mosqueteiros da produção dos Tesouros para cinema, posso fazer a anunciação mais... esperada... da noite. Sei que vocês estão se perguntando por que eu pulei o nome de Mel Coldheart, sendo que ela é uma das personagens principais... Bem, é porque tivemos que mover algumas montanhas para ter a nossa Mel Coldheart aqui. ― Ele fez uma pausa, procurando algum rosto na multidão. ― Amelia Clapp ― ele disse de repente. Meu coração começou a bater mais rápido quando todos os olhares se voltaram na minha direção. ― Você pode subir aqui, querida?
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Como nos filmes [Completo]
Teen FictionAmelia Clapp seria uma adolescente comum se seu pai não tivesse inventado de se tornar escritor. Na verdade, ela seria uma adolescente comum se as pessoas não tivessem inventado de gostar do livro dele. Com a fama de Guilherme Clapp, veio ta...