#11

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Depois do incidente, o professor me liberou, dizendo para eu ir à enfermaria. Uma das alunas estava me acompanhando, mas, na metade do caminho, encontramos Carlos.

Carlos sorriu e acenou. Ao se dar conta de que eu estava caminhando com ajuda, sua expressão se tornou preocupada.

― O que aconteceu? ― ele perguntou, preocupado.

― Ela desmaiou ― a garota informou. ― O professor me pediu para acompanhar ela até a enfermaria...

― Pode deixar que eu assumo daqui ― Carlos disse, enlaçando meus ombros. ― Meu Deus, Mel, eu disse para você tirar o resto do dia de folga. Olha no que deu! E eu nem estava por perto para te segurar!

― O Mate estava ― informei, tentando parecer casual. ― Ele me segurou, não se preocupe.

Carlos pareceu se engasgar com o ar. Ele parou de andar e olhou para mim, chocado.

― O Mate?!

― Isso ― sacudi a cabeça. ― O Mate Qualquer coisa. Aquele sujeitinho que queria arrumar encrenca com você no começo do dia. Sabe, eu acho que ele não é tão ruim assim...

Os olhos do garoto ainda estavam arregalados em surpresa.

― E e-ele... ― ele gaguejou ― segurou você... quando você...?

― Isso, quando eu desmaiei ― completei, quase impaciente. ― E ele foi quase gentil. Nem parecia a mesma pessoa do garoto de manhã.

Carlos soltou uma risada histérica.

― Estamos falando do mesmo Mate? ― ele exclamou, sorrindo torto. ― Mate Kovacevic? O Draco Malfoy? Eu simplesmente não consigo acreditar.

Eu não consegui não rir. Draco Malfoy. A comparação era quase perfeita. Na aparência, eles poderiam ser irmãos gêmeos.

― Carlos ― sorri ―, por que eu mentiria para você?

― Não sei... ― ele ergueu as sobrancelhas. ― Quando a gente se conheceu, você disse que me odiava.

― Eu não odeio você! ― exclamei, incrédula. ― Eu odeio o Cadu Pompeo! E às vezes... Bem, às vezes você me lembra... muito... o Cadu Pompeo ― falei devagar, tentando ser o mais delicada possível.

Carlos abandonou qualquer rancor que havia em sua expressão e ficou completamente radiante.

― Sério mesmo? ― ele perguntou, sorrindo.

― Sério ― respondi, e dei uma ombrada amigável nele. ― Eu até que gosto de você, sabe?

― Não, não, disso eu sei! ― Carlos riu, e riu ainda mais quando dei um tapinha revoltado no braço dele. ― Eu quis dizer... sério que eu pareço com o Cadu?

― Ah ― revirei os olhos. ― Parece, sim. Excessivamente até.

― Valeu! ― ele me apertou mais perto e beijou minha cabeça, empolgado. Como eu franzi a testa, ele explicou: ― Eu estou tentando incorporar o Cadu no meu dia-a-dia. Sabe, para sair mais fácil diante das câmeras.

Congelei no lugar por um instante. Aquela declaração talvez explicasse muitas coisas. Fui invadida por uma estranha sensação de decepção misturada com alívio.

― Falando nisso... ― Carlos continuou, me tirando dos meus devaneios rapidamente. ― O que acha de ir comigo na gravação de hoje? Me fazer companhia?

Me permiti um sorriso, mas tentei conter minha empolgação, para não espantar o garoto ou sei lá, perder minhas chances.

― Claro ― eu disse, casualmente. ― Pode ser legal.

Como nos filmes [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora