Depois do incidente, o professor me liberou, dizendo para eu ir à enfermaria. Uma das alunas estava me acompanhando, mas, na metade do caminho, encontramos Carlos.
Carlos sorriu e acenou. Ao se dar conta de que eu estava caminhando com ajuda, sua expressão se tornou preocupada.
― O que aconteceu? ― ele perguntou, preocupado.
― Ela desmaiou ― a garota informou. ― O professor me pediu para acompanhar ela até a enfermaria...
― Pode deixar que eu assumo daqui ― Carlos disse, enlaçando meus ombros. ― Meu Deus, Mel, eu disse para você tirar o resto do dia de folga. Olha no que deu! E eu nem estava por perto para te segurar!
― O Mate estava ― informei, tentando parecer casual. ― Ele me segurou, não se preocupe.
Carlos pareceu se engasgar com o ar. Ele parou de andar e olhou para mim, chocado.
― O Mate?!
― Isso ― sacudi a cabeça. ― O Mate Qualquer coisa. Aquele sujeitinho que queria arrumar encrenca com você no começo do dia. Sabe, eu acho que ele não é tão ruim assim...
Os olhos do garoto ainda estavam arregalados em surpresa.
― E e-ele... ― ele gaguejou ― segurou você... quando você...?
― Isso, quando eu desmaiei ― completei, quase impaciente. ― E ele foi quase gentil. Nem parecia a mesma pessoa do garoto de manhã.
Carlos soltou uma risada histérica.
― Estamos falando do mesmo Mate? ― ele exclamou, sorrindo torto. ― Mate Kovacevic? O Draco Malfoy? Eu simplesmente não consigo acreditar.
Eu não consegui não rir. Draco Malfoy. A comparação era quase perfeita. Na aparência, eles poderiam ser irmãos gêmeos.
― Carlos ― sorri ―, por que eu mentiria para você?
― Não sei... ― ele ergueu as sobrancelhas. ― Quando a gente se conheceu, você disse que me odiava.
― Eu não odeio você! ― exclamei, incrédula. ― Eu odeio o Cadu Pompeo! E às vezes... Bem, às vezes você me lembra... muito... o Cadu Pompeo ― falei devagar, tentando ser o mais delicada possível.
Carlos abandonou qualquer rancor que havia em sua expressão e ficou completamente radiante.
― Sério mesmo? ― ele perguntou, sorrindo.
― Sério ― respondi, e dei uma ombrada amigável nele. ― Eu até que gosto de você, sabe?
― Não, não, disso eu sei! ― Carlos riu, e riu ainda mais quando dei um tapinha revoltado no braço dele. ― Eu quis dizer... sério que eu pareço com o Cadu?
― Ah ― revirei os olhos. ― Parece, sim. Excessivamente até.
― Valeu! ― ele me apertou mais perto e beijou minha cabeça, empolgado. Como eu franzi a testa, ele explicou: ― Eu estou tentando incorporar o Cadu no meu dia-a-dia. Sabe, para sair mais fácil diante das câmeras.
Congelei no lugar por um instante. Aquela declaração talvez explicasse muitas coisas. Fui invadida por uma estranha sensação de decepção misturada com alívio.
― Falando nisso... ― Carlos continuou, me tirando dos meus devaneios rapidamente. ― O que acha de ir comigo na gravação de hoje? Me fazer companhia?
Me permiti um sorriso, mas tentei conter minha empolgação, para não espantar o garoto ou sei lá, perder minhas chances.
― Claro ― eu disse, casualmente. ― Pode ser legal.
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Como nos filmes [Completo]
Teen FictionAmelia Clapp seria uma adolescente comum se seu pai não tivesse inventado de se tornar escritor. Na verdade, ela seria uma adolescente comum se as pessoas não tivessem inventado de gostar do livro dele. Com a fama de Guilherme Clapp, veio ta...