#22

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Cadu me acordou no dia seguinte com uma batida delicada na minha porta.

Primeiro, eu achei que o som fizesse parte do meu sonho. Depois, acordei desesperada, achando que era alguma emergência, porque mal tinha amanhecido.

A batida foi insistente.

― Mel? ― uma voz chamou atrás da porta em tom sussurrado. ― Gatinha?

― Cadu? ― indaguei para a presença invisível.

― Ótimo, você está acordada! ― a voz dele exclamou. Como se eu já estivesse acordada antes de ele próprio me acordar! ― Posso entrar?

Pensei por um momento. Eu ainda estava completamente desnorteada por ter sido acordada no meio de um sonho. Meu cabelo estava uma bagunça. Meu pijama talvez fosse um pouco inadequado para receber visitas.

Saltei da cama e abri a porta para ele.

Quando ele colocou os olhos em mim, um sorriso se abriu em seus lábios. Ele não pareceu perceber meu cabelo despenteado ou o meu pijama ou o meu desnorteamento. Ele só tinha olhos para a minha essência.

Não consegui não sorrir de volta.

― Oi, Mel ― ele disse suavemente. ― Bom dia.

― Bom dia ― respondi.

Só então percebi que ele estava acompanhado de um carrinho de serviço.

― Pensei em te trazer café-da-manhã na cama ― ele disse, percebendo o meu olhar para a bandeja prateada cheia de croissants, pães, biscoitos, frutas e três tipos diferentes de suco. ― Não sabia muito bem qual era o seu preferido. Então trouxe um pouco de cada.

Eu sorri mais e abri a porta, deixando ele passar com o carrinho para dentro do meu quarto.

― Obrigada ― eu disse, fechando a porta atrás dele. ― Isso é muito atencioso da sua parte.

Cadu se sentou na minha cama, estacionando o carrinho na sua frent.e Ele serviu um pouco de suco de laranja num dos copos e, casualmente, tomou um gole.

― É só que... ― ele suspirou. ― Eu fui atormentado a noite inteira por pensamentos ruins.

Eu caminhei até a cama e peguei um dos croissants, mordendo-o puro. A massa deliciosamente amanteigada já era suficiente para fazer meus sentidos delirarem.

― Pensamentos ruins? ― perguntei.

― Não terminamos a noite muito bem ― ele disse. ― Isso me levou a ter vários pensamentos ruins.

― Que tipo de pensamentos ruins?

― Olha, Mel... ― Cadu sacudiu a cabeça e colocou o copo de suco de volta na bandeja. ― Antes de você ser minha namorada, você é a minha melhor amiga. Eu amo você. De verdade. Eu sei que tudo o que eu disse ontem pode ter parecido um pouco... estranho. No mínimo. Mas... Eu não... Não quero perder você.

A voz dele estava saindo tão estrangulada que eu inconscientemente me inclinei para mais perto dele, num instinto protetor.

― Por que você me perderia, Cadu?

― Eu não sei ― ele disse, desviando os olhos. ― Não sei, talvez você pense que eu só estou te usando. Eu não estou, mas... Vai que você...

― Eu não penso isso ― interrompi, garantindo. Estendi uma mão e a coloquei sobre a mão dele carinhosamente.

Cadu ergueu seus olhos para mim, esperançoso.

― Não?

― Não ― eu sorri. ― Tudo bem, a coisa toda foi um pouco estranha ― concedi. ― Mas você é um ator. Atores são estranhos.

Como nos filmes [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora