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            Cadu e eu jantamos no restaurante do hotel. Eu ainda estava muito agitada com a minha descoberta e estava tentando pensar em como abordar aquele assunto com o meu novo namorado, então quase não percebi quando o garçom se aproximou de nós. Não era qualquer garçom. Era o Osso, o amigo do Alex.

― Osso! ― exclamei, sorrindo automaticamente.

Cadu olhou com uma careta de mim para o garçom.

― Vocês se conhecem?

No dia em que Alex partira, eu tinha tentado falar com o Osso, mas o garoto havia me expulsado do quarto, dizendo que "não sabia qual era a minha", mas ele preferia "não se envolver", porque não queria "terminar como o Alex". Desde aquele dia, eu não tinha mais falado com ele. Aliás, eu nunca mais o tinha visto pelo hotel. Parte de mim começava a pensar que o coitado tinha levado o mesmo fim do Alex por ter passado aquele nascer-do-sol com a gente naquele dia.

Osso pareceu desnorteado ao me ver ali. Seus olhos se arregalaram e a cor de sua pele pareceu empalidecer, como se ele estivesse prestes a vomitar.

― Você quer que eu peça um outro garçom? ― ofereci gentilmente.

Osso sacudiu a cabeça.

― N-não, não, de maneira alguma! ― ele gaguejou e então ergueu seu bloquinho de anotações. ― O que vocês vão querer hoje?

Fizemos nossos pedidos e ele saiu rapidamente. Cadu fez uma careta divertida para mim.

― Osso? ― ele indagou.

Eu não estava a fim de falar nesse assunto com o Cadu. Alex era uma parte muito especial da minha vida, e eu não achava adequado compartilhá-la com ninguém. Mesmo que Cadu fosse, de fato, o meu novo namorado.

― Nos conhecemos nos meus primeiros dias aqui ― informei rapidamente, fazendo um gesto de descaso. ― Olha, Cadu... Preciso falar com você.

Ele sorriu e colocou as mãos por cima das minhas.

― Claro, gatinha ― disse docemente. ― O que aconteceu?

Eu respirei fundo, tentando tomar coragem.

― Eu estou com medo ― disse finalmente, surpreendendo a mim mesma com a verdade da palavra. Medo. Eu estava mesmo com medo. Só não sabia exatamente do quê.

Cadu apertou minhas mãos.

― Ô, gatinha ― disse, fazendo uma carinha de cachorro sem dono. ― Conta pra mim o que houve?

Suspirei.

― Sabe na festa da Sabina? ― eu disse finalmente. Ele sorriu com a menção da festa. ― Quando o Mate chegou e me levou para dançar tango...? ― Ao som do nome do outro garoto, o sorriso de Cadu desapareceu completamente. ― Eu só... Não estou conseguindo entender os fatos.

― Os fatos? ― ele repetiu.

― Sim, os fatos, Cadu. O Mate chegou lá com um livro. O livro dos Tesouros. Você não estava deixando ele nem chegar perto de mim... até que ele entregou o livro, falando alguma coisa sobre a página cento e vinte e sete.

Cadu puxou as mãos das minhas e jogou o cabelo para trás, sacudindo a cabeça.

― Página cento e vinte e sete ― ele disse, sem olhar para mim. ― Max dança tango com a Mel.

― Isso! ― exclamei. ― Isso acontece no livro!

― Acontece ― Cadu olhou para mim. ― É isso o que te deixa com medo?

― Não sei ― mordi o lábio. ― Mas é estranho.

Cadu respirou fundo.

― Ok. Mel, eu vou te falar uma coisa, mas... preciso que você fique com a mente bem aberta. Porque pode parecer um pouco absurdo.

Como nos filmes [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora