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            Chegando segunda-feira, a minha cabeça estava completamente caótica.

No domingo, Cadu tinha batido na porta do meu quarto logo pela manhã. Ele estava vestindo um sweater fofo que o fazia parecer um garotinho inocente e na cabeça tinha um boné surrado.

Ele olhou para mim, com meu pijama amarrotado e o cabelo completamente bagunçado, e sorriu como se eu fosse a coisa mais linda de todo o universo.

Tirou do bolso um anelzinho prateado enfeitado com pedrinhas de esmeralda e olhou para mim, sorrindo de lado.

― É um anel de compromisso ― disse, parecendo nervoso. Me mostrou a inscrição de dentro, que dizia "Cadu & Mel" em letras floreadas. ― Eu só... queria... oficializar as coisas.

Eu congelei. Oficializar? Tão rápido? Tudo bem, ele estava tentando me conquistar tinha mais de um mês, mas... Eu fiquei seriamente assustada.

Não entreguei a minha mão para ele, como seria o adequado. Aliás, eu não cheguei a mexer nem mesmo um músculo.

Cadu percebeu a tensão no ar e sorriu, pesaroso.

― Você precisa de um tempo para pensar nisso? ― ele perguntou levemente. ― Porque sabe que eu posso ser paciente...

Eu consegui reunir forças o suficiente para assentir com a cabeça. Cadu não pareceu o garoto mais feliz do mundo com a minha reação, mas não ousou insistir.

Se era tempo o que eu queria, tempo ele me daria.

E agora, lá estava eu. Segunda-feira. Aula de Atuação para Cinema. O professor não tinha chegado ainda e eu estava na sala sozinha com alguns poucos alunos. Alguma coisa me fazia ficar olhando para a porta, ansiosa, de cinco em cinco segundos.

Não "alguma coisa". Sejamos sinceros.

Mate.

Aquele garoto estranho e idiota era provavelmente a única razão pela qual eu não tinha aceitado ser a namorada do Cadu logo de cara. Quer dizer, eu não sei por quê, porque não era como se eu quisesse ser a namorada do Mate nem nada assim... Era só que...

Bem, a minha cabeça era um ninho de perguntas sem respostas! E a maioria daquelas perguntas tinha sido colocada ali por Mate. Ele era o culpado de toda a tragédia.

Quando Mate finalmente entrou na sala, meu coração esqueceu toda a raiva que eu estava sentindo. Parte de mim estava completamente convencida de que ele iria ficar fora da cena por mais um mês ou quem sabe quanto tempo, deixando todas aquelas dúvidas me atormentarem livremente. Mas, não. Lá estava ele. Seus olhos encontraram os meus imediatamente e eu sorri. Ele, não.

Me levantei tão rápido que fiquei tonta. Tentei me apoiar na parede, mas a parede estava mais longe do que eu tinha calculado, então bambeei e quase caí no chão. Mate correu até mim.

― Oi ― eu suspirei, enquanto ele me ajudava a me levantar.

― Tá tudo bem com você? ― ele sussurrou, olhando pelo meu corpo e rosto como se estivesse procurando por algum machucado.

― Tá sim ― respondi, sorrindo. ― Quer dizer, mais ou menos. Olha, Mate, você me deixou confusa o final de semana inteiro depois que inventou de aparecer lá na festa da Sabina e eu...

― Você parece fraca ― ele me interrompeu. ― Não vi você no almoço. O Cadu estava na mesa sozinho. Você comeu alguma coisa?

Ah, claro. Cadu ainda estava me dando espaço. Me cumprimentou cordialmente nas nossas aulas em comum e perguntou apenas uma vez se eu tinha me decidido. Eu disse que precisava de mais um tempo, então lá foi ele almoçar sozinho.

Como nos filmes [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora