AVISO: Se puder, escute a música Iris (Goo Goo Dolls) enquanto lê o capítulo! :)
[dica de carlalaurentino]
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Elaine estava no lobby do hotel quando eu cheguei correndo e com a visão danificada por lágrimas de desgosto. (Mais ou menos na metade do caminho eu tinha me lembrado da minha bicicleta, mas eu é que não iria voltar lá pra buscar.) Ela tentou entrar no mesmo elevador que eu, mas eu apertei o botão de fechar as portas, conseguindo subir sozinha. Então ela provavelmente deve ter usado o elevador de serviço, chegando no meu andar segundos depois de eu trancar a porta atrás de mim.
Ela bateu, paciente.
― Vai embora ― resmunguei, apertando a porta com o corpo. Como se Elaine fosse forçar qualquer coisa.
― Não ― ela disse. ― Amelia, eu quero te explicar. Abre a porta, por favor!
― Vai embora! ― repeti mais forte.
― Por favor, Amelia ― Elaine insistiu. ― É importante. Você tem que saber com que está lidando. Tem que saber quem é o seu inimigo.
― Ela está certa ― uma voz atrás de mim me fez pular. Me virei para ver quem era o intruso e o meu estômago se revirou. ― Você tem que ter toda a informação antes de entrar para o combate.
― Ray ― rosnei, agarrando a primeira coisa que eu encontrei na estante perto da porta. Foi o controle remoto do ar condicionado. Segurei-o entre as mãos como se estivesse empunhando uma arma. ― Meu pai não tem o menor senso do ridículo, né, mandando você aqui.
Ray ergueu as mãos em gesto de rendição.
― Seu pai não me mandou aqui, Amelia ― ela disse devagar. ― O seu pai nem mesmo aprovaria a minha presença aqui, Amelia. ― Ela fez uma pausa dramática. ― Eu faço parte da L.A.C.
― L.A.C? ― ergui uma sobrancelha.
― A Resistência. Liberte Amelia Clapp ― Ray explicou. ― Os principais membros somos eu, Elaine Ribeiro, Roberto Lachance e Adrian Kovacevic.
O último nome fez meu aperto no controle se afrouxar. O objeto deslizou das minhas mãos e caiu bem em cima do meu dedão do pé, me fazendo conter um palavrão de dor.
― A-Adrian Kovacevic? ― gaguejei.
Ray sorriu, rolando os olhos.
― Mate ― ela explicou.
― Vai me deixar entrar agora? ― Elaine perguntou do outro lado da porta.
Como um zumbi, abri a porta do quarto para ela.
Ela também estava chorando. Nossos olhos se encontraram e o corpo inteiro de Elaine transbordava carinho. Ela então me abraçou, me apertou forte, como a amiga que eu precisava que ela fosse naquele momento. Aquilo me fez volta a chorar, ainda mais forte do que antes.
Elas me colocaram sentada na poltrona e Elaine acariciou os meus cabelos gentilmente enquanto Ray me buscava um copo de água gelada.
As duas me esperaram parar de soluçar para começarem a história.
― Tudo começou há uns três anos e meio, quando o seu pai conheceu o Murilo na Europa. Eu estou falando do Carlos. Murilo é o Carlos ― Elaine explicou devagar.
― Eu sei ― murmurei. Pelo menos aquela pequena parte da verdade eu já tinha conseguido entender sozinha. ― Mas eu pensei que eles tivessem se conhecido recentemente. Ou pelo menos foi o que o meu pai disse no discurso daquela festa na primeira noite.
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Como nos filmes [Completo]
JugendliteraturAmelia Clapp seria uma adolescente comum se seu pai não tivesse inventado de se tornar escritor. Na verdade, ela seria uma adolescente comum se as pessoas não tivessem inventado de gostar do livro dele. Com a fama de Guilherme Clapp, veio ta...