#26

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AVISO: Se puder, escute a música Iris (Goo Goo Dolls) enquanto lê o capítulo! :)

[dica de carlalaurentino]

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Elaine estava no lobby do hotel quando eu cheguei correndo e com a visão danificada por lágrimas de desgosto. (Mais ou menos na metade do caminho eu tinha me lembrado da minha bicicleta, mas eu é que não iria voltar lá pra buscar.) Ela tentou entrar no mesmo elevador que eu, mas eu apertei o botão de fechar as portas, conseguindo subir sozinha. Então ela provavelmente deve ter usado o elevador de serviço, chegando no meu andar segundos depois de eu trancar a porta atrás de mim.

Ela bateu, paciente.

― Vai embora ― resmunguei, apertando a porta com o corpo. Como se Elaine fosse forçar qualquer coisa.

― Não ― ela disse. ― Amelia, eu quero te explicar. Abre a porta, por favor!

― Vai embora! ― repeti mais forte.

― Por favor, Amelia ― Elaine insistiu. ― É importante. Você tem que saber com que está lidando. Tem que saber quem é o seu inimigo.

― Ela está certa ― uma voz atrás de mim me fez pular. Me virei para ver quem era o intruso e o meu estômago se revirou. ― Você tem que ter toda a informação antes de entrar para o combate.

― Ray ― rosnei, agarrando a primeira coisa que eu encontrei na estante perto da porta. Foi o controle remoto do ar condicionado. Segurei-o entre as mãos como se estivesse empunhando uma arma. ― Meu pai não tem o menor senso do ridículo, né, mandando você aqui.

Ray ergueu as mãos em gesto de rendição.

― Seu pai não me mandou aqui, Amelia ― ela disse devagar. ― O seu pai nem mesmo aprovaria a minha presença aqui, Amelia. ― Ela fez uma pausa dramática. ― Eu faço parte da L.A.C.

― L.A.C? ― ergui uma sobrancelha.

― A Resistência. Liberte Amelia Clapp ― Ray explicou. ― Os principais membros somos eu, Elaine Ribeiro, Roberto Lachance e Adrian Kovacevic.

O último nome fez meu aperto no controle se afrouxar. O objeto deslizou das minhas mãos e caiu bem em cima do meu dedão do pé, me fazendo conter um palavrão de dor.

― A-Adrian Kovacevic? ― gaguejei.

Ray sorriu, rolando os olhos.

― Mate ― ela explicou.

― Vai me deixar entrar agora? ― Elaine perguntou do outro lado da porta.

Como um zumbi, abri a porta do quarto para ela.

Ela também estava chorando. Nossos olhos se encontraram e o corpo inteiro de Elaine transbordava carinho. Ela então me abraçou, me apertou forte, como a amiga que eu precisava que ela fosse naquele momento. Aquilo me fez volta a chorar, ainda mais forte do que antes.

Elas me colocaram sentada na poltrona e Elaine acariciou os meus cabelos gentilmente enquanto Ray me buscava um copo de água gelada.

As duas me esperaram parar de soluçar para começarem a história.

― Tudo começou há uns três anos e meio, quando o seu pai conheceu o Murilo na Europa. Eu estou falando do Carlos. Murilo é o Carlos ― Elaine explicou devagar.

― Eu sei ― murmurei. Pelo menos aquela pequena parte da verdade eu já tinha conseguido entender sozinha. ― Mas eu pensei que eles tivessem se conhecido recentemente. Ou pelo menos foi o que o meu pai disse no discurso daquela festa na primeira noite.

Como nos filmes [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora