#25

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Acho que não preciso nem dizer que não consegui dormir naquela noite.

Chegando no hotel, eu me joguei na cama com a cabeça girando. A conversa estranha com o Mate ficava rodando na minha cabeça como um Vine. Algumas vezes, nada parecia fazer sentido. Outras vezes, eu me sentia confortada pela lembrança de sua presença.

De seu beijo.

Aquilo tinha sido um beijo, não tinha? Podia ser considerado um beijo. Eu acho.

Sei que tecnicamente eu ainda estava com o Cadu, mas...

O beijo era a única parte da conversa que não me deixava confusa. Eu gostava do beijo. Ele era concreto, sincero e direto. Todo o resto era caos.

Mate dominou minha mente por horas. Eu mal me lembrava da situação com o Cadu. Tudo o que eu conseguia pensar era na conversa no carro e no que aquela conversa significaria para o meu futuro.

Será que eu gostava do Mate? Uma parte dentro de mim dizia que sim. Outra parte de mim tinha certeza de que era loucura. Será que ele gostava de mim? Talvez. Eu tinha tantos argumentos que diziam que sim quantos argumentos que diziam que não.

O que será que ele queria falar comigo no dia seguinte?

As perguntas eram muitas e a informação pouca demais.

Tomei um banho, tentando me acalmar, mas não adiantou muita coisa. Me revirei na cama até umas cinco da manhã, quando de repente escutei uma batida na minha porta.

Quem seria, àquela hora?

Por um segundo, eu pensei que pudesse ser só imaginação, mas então bateram novamente.

Me levantei, preocupada, e abri a porta.

― Cadu? ― exclamei ao ver aquela figura que se parecia com o meu suposto namorado mas, de fato, não dava para ter certeza.

Ele tinha um olhar sinistro e agitado, seus cabelos estavam completamente despenteados e suas mãos estavam cobertas de um líquido espesso e avermelhado. Sangue.

― O que aconteceu? ― eu perguntei, dando um passo para frente e o sustentando em pé antes que ele caísse.

Cadu se segurou em mim, sujando a minha blusa. Eu consegui arrastá-lo até a cama e o coloquei sentado. Peguei um copo de água no mini-bar e entreguei para ele. Por um tempo, ele bebeu a água sem dizer nada, tentando se acalmar, tentando voltar aos seus sensos.

― Me conta o que houve ― eu pedi num sussurro, me ajoelhando diante dele.

― Eu não posso ― Cadu conseguiu dizer por fim. Sua voz estava rouca e fragilizada. ― Você não me perdoaria.

Eu não estava gostando daquela história.

Cadu coçou a parte de trás do pescoço e engoliu em seco. Ele ainda estava ofegante. Olhou para mim mas perdeu meus olhos no mesmo instante, parecendo atordoado demais para manter o foco em qualquer coisa que fosse.

― Se importa se eu me lavar aqui? ― ele disse, fazendo uma cara de dor.

― Me conta o que tá acontecendo e talvez eu deixe ― eu disse.

Cadu respirou fundo.

― Mel... ― ele disse. ― Eu fiz isso por você. Por nós dois. Você sabe que não era seguro... Você mesma começou a perceber que...

Eu reconheci o diálogo na mesma hora.

― Não! Cala a boca! ― gritei, me afastando dele ao máximo. ― Cala a boca!

Como nos filmes [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora