#14

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            O segundo dia de aula é o pior. Ele tem tudo o que o primeiro dia tem, menos o elemento surpresa. Ou seja, ao mesmo tempo que você não está acostumado com nada ainda, você já sabe exatamente o que te aguarda até as três da tarde.

            Para agravar a situação, eu estava morta de sono. O meu consolo é que Carlos provavelmente também estava  assim... ou pior. Nós dois tínhamos ficado acordados até quase uma da manhã.

            ― Mon amour ― uma voz parecida com a minha disse, enquanto braços me envolviam e eu sentia um beijo melecado de gloss na bochecha.

            ― Argh! Elaine! ― eu disse, empurrando-a para longe e limpando a bochecha. ― Que que deu em você, hein?

            ― Isso se chama afeto, Amelia Clapp. ― ela explicou, sorrindo da forma que eu costumava sorrir. ― Estou apenas demonstrando minha gratidão.

            ― E... gratidão pelo quê? ― perguntei com cuidado.

            ― Oras bolas, por isso! ― ela exclamou e me estendeu um caderno de jornal.

O caderno de fofocas.

            A manchete era bem clara: "MEU QUERIDO AMIGO PAPARAZZI, CUIDADO COM A CÓPIA DE ELAINE RIBEIRO". Então, logo abaixo, havia uma foto minha com o Carlos na Bicicleta dos Sonhos.

Fiz uma careta irritada. Cópia de Elaine Ribeiro? Eu? Até onde eu sabia, a tal da Elaine que era uma cópia minha! Ela era a cópia! ELA!

            Prossegui lendo o primeiro parágrafo.

            'Ontem, pelas ruas do Rio, Carlos Duarte ― o Cadu Pompeo ― desfilou com o que todos pensavam ser sua co-estrela, Elaine Ribeiro. Apenas à noite se descobriu que a tal garota não era ninguém mais que Amelia Clapp, filha de Gui Clapp, o escritor dos Tesouros.

            A garota foi a inspiração para a personagem Mel Coldheart, e por esse motivo se parece tanto com a atual Elaine, que é quem interpretará Coldheart na versão para o cinema.'

            Devolvi o jornal para Elaine, irritada demais para conseguir terminar de ler.

            ― Por que você está me agradecendo exatamente? ― eu perguntei.

            ― Não está claro? ― Elaine sorriu. Me dava nos nervos ela estar tão radiante assim enquanto eu estava caindo aos pedaços. ― Publicidade.

            ― Tudo bem então ― eu dei de ombros e continuei andando em direção à minha primeira aula.

            ― E também porque isso prova que estou mesmo extremamente parecida com você! Os idiotas dos fotógrafos não conseguiram nem nos diferenciar! Meu Deus, acho que esse é o dia mais feliz da minha vida! ― Ela suspirou, seus olhos no horizonte. ― E... lá está o Cadu, tenho que ir! ― ela disse rápido.

Olhei para a direção que ela estava olhando e realmente vi Carlos se aproximar, mas quando me voltei para perguntar à Elaine por que ela tinha que ir, ela já havia ido embora.

            ― Bom dia! ― Carlos me cumprimentou. Ele estava tão animado quanto a outra garota, completamente bem-disposto.

            Estreitei os olhos.

            ― Seja qual for a droga que você tomou, acho que você e a Elaine devem ter feito isso juntos ― eu disse, mal-humorada.

Como nos filmes [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora