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Fui dormir extremamente chateada naquela noite, mas, no dia seguinte, quando acordei sozinha na minha cama, tudo parecia menos pior. Como se Alex tivesse sido apenas um sonho, um sonho maravilhoso, que agora tinha acabado e eu deveria me considerar muito sortuda de ao menos ter tido aquele sonho para adoçar minha noite. Agora era a hora de voltar à realidade.

Acordei com uma ligação-despertador que meu pai tinha encomendado para mim.

Era o primeiro dia de aula na escola nova.

Como uma pessoa que tinha estudado na mesma escola desde pequena, a perspectiva de entrar em uma escola nova no meio do ano letivo sem conhecer praticamente ninguém embrulhava o meu estômago.

Tomei café da manhã no hotel com o meu pai, tentando não enforcá-lo por ter feito aquilo com o Alex. Quer dizer... Nem mesmo tinha sido ele... Tinha? Não parecia como algo que ele faria. Ele sempre foi incrivelmente gentil com os meus namorados. E ele tinha sido incrivelmente gentil com Alex, quando tinha nos flagrado na cobertura...

De qualquer modo, a sorte do meu pai é que eu estava preocupada demais com a escola para interrogá-lo a respeito da coisa com o Alex.

Mal consegui comer uma metade de pão. O nervosismo era tanto que eu já não me sentia com fome.

            O Instituto Glória Pires era um lugar absolutamente magnífico. Quando o carro abandonou a via principal e adentrou uma suava alameda que encaminhava para um terreno que era cercado por mata de todos os lado, me senti como se estivesse entrando em um mundo secreto digno de filme.

            O Instituto era composto de três prédios. O central era uma mansão elevada em colunas gregas, e era ali que ocorriam as aulas. À direita ficava uma casa menor mas não menos luxuosa, destinada à recepção e aos eventos. O terceiro prédio era um anfiteatro, onde os alunos se apresentavam a cada dois meses para um público seleto.

            O taxi estacionou bem na porta do prédio central e, quando desci, desajeitada, o motorista fez a curva e foi embora, me deixando completamente sozinha.

            Havia dúzias de alunos circulando na frente dos prédios, mas todos passavam por mim como se eu fosse invisível. Parte de mim sabia que o certo seria eu me apresentar a algum deles e pedir informações sobre minha sala de aula, mas, toda vez que eu dava um passo à frente e estendia o braço, a coragem sumia completamente.

            Em certo ponto, tive que me conter quando vi Sabina DelRey passar por mim. Sabina era a pequena atriz que havia estrelado alguns anos atrás em Verões de uma Vida Inacabada, que provavelmente era o meu filme nacional preferido. Era estranho, no entanto, ver Sabina perambulando por aí tão crescida. Ela provavelmente tinha a minha idade.

Ainda estava acompanhando a atriz com os olhos quando de repente Elaine surgiu ao meu lado, vinda sabe-se lá de onde, e sussurrou:

― Oi, estranha.

Eu acho que teria pulado uns três metros se a gravidade não tivesse me mantido no chão.

― Que merda, Elaine ― protestei, dando um tapa no ombro dela. ― Você me assustou!

Ela deu uma risadinha espontânea, mas de repente ficou muito séria.

― Ellie ― corrigiu.

― Ellie ― concedi.

Ela sorriu, satisfeita, e então seguiu meu olhar, encontrando do outro lado a Sabina DelRey.

― Ah, não, Amelia, não faça isso ― Ellie disse, seu sotaque carioca tendo sumido quase completamente. ― A garota paga sabe-se lá quanto nesse colégio porque quer ter uma vida normal, e isso com certeza não inclui garotas como você correndo até ela e implorando por um autógrafo.

Como nos filmes [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora