Lição N° 13.

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Não seja tão burra ao ponto de não perceber os próprios sentimentos.

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— Laurinha, com todo o respeito, hoje eu te odeio mais do que qualquer coisa.

A frase saiu de forma totalmente mal humorada, o que acabou sendo bom, porque talvez assim a loira entendesse o que de fato estava acontecendo.

Ela terminou de amarrar meus cabelos em um rabo de cavalo e prendê-los com um laço laranja. Laurinha não pareceu nem um pouco ofendida com o que disse e até soltou uma risada, parecendo completamente feliz por ter mesmo conseguido me convencer a fazer aquilo. Ou, talvez, me obrigar.

Ela saiu da minha frente e deixou que eu me olhasse no espelho. A saia pregueada preta em conjunto com uma blusa curta alaranjada, com as siglas do colégio se sobressaindo na cor, me deixava parecer uma estudante dos Estados Unidos. Aliás, a roupa de líder de torcida lembrava bastante a de um filme qualquer de ensino médio estadunidense.

Uma meia preta até a canela e o tênis de mesma coloração só serviam para completar o visual. Laurinha estava vestida do mesmo jeito, já que o uniforme era único para todas as pessoas que se prontificaram a passar aquela vergonha.

Os pompons pretos com detalhes laranjas estavam jogados na cama de Laura, já que ainda estávamos em seu quarto. Tínhamos alguns minutos para chegar até o colégio no horário marcado em que o nosso ônibus sairá para nos levar até o estádio onde acontecem os jogos da interclasse.

Naquele ano, quatro escolas competiriam em cada jogo. Vôlei, natação e futebol seriam as únicas temáticas disponíveis. Isso, claro, tirando as líderes de torcida que seriam obrigadas a ficar gritando euforicamente para um monte de gente esquisita. Eu estava arrependida de estar daquela forma, mas me sentiria ainda pior se fosse excluída da ocasião por simplesmente não querer participar.

A maquiagem que Laura fez em nossos rostos estava impecável, mas me sentia estranha em ver meus olhos pintados daquela forma alaranjada. O batom nude pelo menos não deixou minha boca tão chamativa quanto a de Bortolo, com uma cor vermelha.

— Você tá linda. Vai abalar muitos corações por lá. — sorriu após algum tempo. — Mas, até onde sei, acho que você só quer conquistar um.

— É, o do professor de matemática que vai ajudar a aumentar minha nota. — resmunguei ainda meio amargurada. Laurinha apenas fez uma expressão de nojo, como se só o fato de pensar naquela ideia já pudesse lhe causar pesadelos.

— O ônibus já vai sair, então vamos logo. — alegou apressada, pegando apenas seu telefone e seus pompons para se retirar de uma vez do quarto.

Segui seus movimentos até fora de seu apartamento, onde me bateu um surto completo de vergonha. As pessoas que passavam nas ruas nos encaravam curiosas, o que apenas serviu para me fazer mudar completamente de ideia. Os olhares em nossa direção me deixaram ainda mais insegura e com um certo medo de eu acabar me tornando uma grande piada entre os estudantes.

Porém, ao passar pelos portões do colégio, percebi que todos os alunos presentes estavam de alguma forma diferentes. Ninguém acordou cedo na intenção de estudar, já que estávamos de férias, então somente quem iria jogar ou torcer estava no local esperando para ir até o estádio. Logo, tirando os professores que iriam nos acompanhar, todos estavam uniformizados de acordo com seus jogos. E sempre de laranja e preto, já que era a cor dos times da escola.

Davi e Cláudio estavam conversando no pátio junto de outros colegas do futebol. Ao sentir o olhar de Espanha sobre mim, notei meu rosto queimando no mesmo instante. Ele sorriu ao perceber minha vergonha e veio de imediato ao meu alcance.

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