Lição N° 22.

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Cuidado com bilhetes estúpidos em festas juninas.

❁❁❁ 

A verdade é que o tempo passa depressa. Tão rápido quanto um trem viajando em alta velocidade. Eu diria que é até bem mais veloz quando se está no último ano do ensino médio.

Em um piscar de olhos já nos encontrávamos no mês de junho. Em um dia eu estava verificando se ainda estava na turma de meninos que quebraram meu coração no Ano Novo (mesmo sem nenhuma culpa sobre isso). E, no outro... bem, estava acordando para mais um dia dos namorados sabendo que era a única solteira de todo o grupo.

Naquela data seria ainda mais especial, pois a festa junina do colégio aconteceria a partir do final daquela tarde. Era o único dia da semana que não tínhamos aula e precisávamos ir para a escola apenas arrumar a barraca que cada turma ficou responsável. A decoração de todo o colégio era por conta dos organizadores do evento, então pelo menos dessa parte conseguimos escapar. Infelizmente, os alunos da turma 3002, e de todo o resto também, ainda deveriam se dividir em pequenos grupos que teriam que tomar conta de cada coisa que foi decidida na semana anterior.

Para o meu desagrado, o terceiro ano inteiro ficou responsável por fazer as comidas. Cada uma das turmas sorteou o tipo que fariam e depois tivemos que formar mais um subgrupo para preparar tudo. Nayla, dessa vez, acabou ficando junto de suas amigas para fazer os trabalhos, então não me restou outra opção senão fazer dupla com o Davi.

Claro que, já que a ideia era fazer doces, marcamos de nos encontrar logo depois do almoço para fazer. Tivemos que passar no mercado antes e já estávamos quase terminando de colocar os ingredientes na cestinha, quando meu celular tocou.

— Fala, loira. — atendi e coloquei no viva-voz para que Davi também pudesse escutar.

— Se liga, engraçadinha. — seu tom de voz era sério, mas sabia que estava para fazer apenas brincadeiras. — Você sabe muito bem que sou uma das alunas que organizam essa merda toda. Então me diz de novo o motivo de ainda não ter seu nome na lista hoje, hein?

Arregalei os olhos e bati levemente a mão na testa por ter esquecido que deveria comprar a pulseira que me permitiria entrar e sair quando quisesse da festa.

— Esqueceu, né? — ela perguntou e sorri sem graça mesmo sabendo que não poderia me ver. — O ingresso tá sendo vendido pra ajudar na formatura. É assim todo ano e por isso a festa é aberta ao público. Vai ser difícil se os próprios formandos não comprarem, sabe?

— Nossa, tinha que comprar ingresso? — Davi perguntou ao meu lado.

— O que esse garoto tá fazendo aí e por que ele também não comprou? Vocês se merecem mesmo.

— Caramba, mas tudo essa escola cobra também, né? — ele tornou a questionar e assenti com a cabeça.

— Não acredito que eu gastava dez reais pra passar mais tempo na escola. — murmurei de repente.

— Tá, mas o que tem nessa festa? — Espanha fez outra pergunta e Laurinha bufou do outro lado da linha.

— Comida, dança... nunca foi em festa junina, não? — seu tom de voz era alto e por isso tive que abaixar um pouco o volume, pois as pessoas que passavam na mesma fileira em que estávamos começavam a nos olhar feio. — Pior é você tá participando sem saber nada sobre.

— Tá, tá, engraçada. Já sei: é tudo pago, né? 

— É, mas existe a opção de comer em casa e ir só pra ver os amigos mesmo. — respondi o vomitador e ele finalmente pareceu entender tudo. — Ou nem isso. Ainda não acredito que gastei dinheiro todo ano.

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