Lição N° 15.

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Entenda que nem sempre as coisas acontecem como planejamos.

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O último dia do ano parece que ajuda a incentivar as pessoas a fazer aquilo que quiseram durante todo o resto do tempo, mas que só não tiveram coragem.

Claro que sabemos que um calendário não altera a forma que nossa vida prossegue. Mas, no fundo, acho que é mais a esperança de que as coisas podem mesmo mudar. E de preferência para o bem.

No meu caso, acabou sendo uma tentativa muito diferenciada para uma mudança.

Era estranho pensar em alguém e sentir um frio na barriga tão incomum. A sensação de estar perto dele novamente me vinha a cada vez que sua imagem se processava inconscientemente em meu cérebro. O coração batendo mais forte, chegando a doer meu peito algumas vezes, já estava começando a me incomodar. Me pegava lembrando vagamente de seus sorrisos e expressões que eu já sentia falta e me perguntava se ele poderia pensar o mesmo sobre mim.

Levantei tão rápido da cama que bati a cabeça na cômoda ao meu lado. O sol já havia nascido devido à claridade que vinha da janela, o que significava que também já era hora de levantar para o último dia do ano.

Meu coração acelerou quando digitei o primeiro número que me veio à cabeça. Sabia que estava cedo, mas sabia mais ainda que ela me atenderia em qualquer horário sem nem pensar duas vezes.

— Escuta... somos melhores amigas, mas nove da manhã na véspera do ano novo não é um pouco demais? — a voz de sono de Laurinha fez meu peito se acalmar por alguns instantes. Conseguia ouvir sua respiração sonolenta do outro lado da chamada.

— Desculpa, é uma emergência. — falei rapidamente e ela ficou alguns segundos processando a informação. Sabia que ela sempre entendia o que eu iria dizer só pelo tom de voz.

— Emergência "preciso de roupa pra virar o ano" ou Emergência Espanha?

— Emergência Espanha. — proferi e já consegui escutá-la se levantar bruscamente igual eu fiz minutos antes.

— Puta merda. Vou avisar o Cláudio dos esquemas. — indagou já mais animada. Eu não conseguia ver, mas sabia que a loira estava sorrindo. — Não acredito que vai finalmente perder o BV de novo.

Balancei a cabeça com um leve sorriso no rosto por achar tudo aquilo muito besta. Ela sabia sobre o Arthur. Aliás, sua voz ainda ecoava em minha cabeça me chamando de burra, mas acreditávamos que nada daquilo iria interferir na história principal. Nem eu estava mesmo acreditando no que estava prestes a decidir fazer.

— É o seguinte, loira: eu tenho que falar pra ele o que sinto hoje, entendeu? Não quero virar o ano com essa sensação estranha.

— Isso se chama amor, Luany.

— Não. Isso se chama "adolescente desesperada prestes a tentar estragar uma amizade pra levar um fora". — resumi toda a história tão rápido que ela somente soltou uma risada alta.

Imaginei que Laura era a pessoa que mais estava se divertindo diante da situação. Ela não se importava muito com o romance, não mais, e dizia ficar feliz por ser aquela do grupo que ajuda os outros a não fazer besteira. Ou, nesse caso, ajuda a fazer exatamente isso.

Para minha infelicidade, Davi acabou ficando mais dois dias em São Paulo, o que estragou todo o meu plano de contar para ele antes da noite de ano novo. Era sempre um dia meio turbulento por conta da preparação para as festas. Minha mãe tinha cismado que queria passar a virada na praia para assistir a queima de fogos pessoalmente. Tentei explicar para ela que morar a 10 minutos do mar já nos fornecia uma ótima vista privilegiada, mas ela insistiu e, claro, conseguiu o que tanto queria.

Lições Que Aprendi Me Apaixonando Por Você Onde histórias criam vida. Descubra agora