Lição N° 34.

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Em algum momento, tudo sempre volta para onde começou.

❁❁❁

As palavras de Sophie ainda pareciam ecoar pela minha cabeça.

Durante as semanas seguintes, me sentei sozinha e tentei ser o mais racional possível. A questão que ficou foi: eu não sei raciocinar direito. Por isso também só fazia merda.

A minha mais nova amiga completou 23 anos neste ano e estava no segundo ano da faculdade de psicologia. Nós passamos a maior parte do tempo conversando por mensagens e até por ligações. Ela contou que se mudou para o Rio porque conseguiu uma bolsa na faculdade da minha cidade vizinha que, apesar de bem cara, tinha um ótimo ensino acadêmico.

Com isso, conheci bem melhor a dona dos cabelos cacheados que morava em uma república a meia hora de carro da minha própria casa.

A amizade da Sophie me livrou de me pegar pensando em coisas alheias que não deveria. Infelizmente — talvez nem tanto assim — comecei a encontrar Davi em diferentes lugares do nosso bairro. Na padaria quando eu acordava no domingo e saía de chinelo e meia (fora o restante do pijama) para comprar o café da manhã. Na rua da tal gravadora. Nos bares em que eu frequentava. No shopping... Tudo bem que esse era bem do lado da casa dele, mas não deixou de ser um inferno ter que ver a cara do mesmo garoto que eu não queria mais.

A Laurinha, óbvio, disse que nem eu acreditava mesmo nisso. Talvez ela estivesse certa.

Para provar que mais uma vez o destino queria transformar minha vida em uma piada, eu estava responsável por fazer as compras do mês para a casa. Com um carrinho de mercado enquanto eu olhava as prateleiras, Davi Espanha virou no mesmo corredor em que eu estava.

Parei de andar e revirei os olhos de imediato no instante em que ele olhou para meu rosto com aquela mesma expressão sorrateira que só ele sabia fazer.

— Oi pra você também, Luany. — comentou ao se aproximar. Uma cesta vermelha do mercado estava em suas mãos cheia de produtos de limpeza.

— Essa coisa de você aparecer do nada já me encheu. — reproduzi ao fingir que o rótulo de extrato de tomate era muito interessante.

— Tá, Luany, desculpa aí se esse é o mercado mais próximo. Na próxima eu te mando uma mensagem perguntando se posso aparecer. — ele ergueu as sobrancelhas e eu larguei o produto na prateleira, me voltando para o guitarrista estúpido.

— Foi mal, mas é estranho ainda.

— O quê? — franziu a testa, curioso. Não bastava ser inconveniente ainda tem que ser sonso. 

— O fato de você tá aqui morando no mesmo bairro que eu. De novo.

— Morando a cinco minutos da sua casa tipo quando éramos adolescentes?

— Exatamente. — resmunguei antes de empurrar o carrinho para ver se faltavam mais coisas na lista. — O que tá fazendo aqui?

— Ah, nada demais. Só vim ver as paredes do lugar, sabe? — ironizou ao me acompanhar e eu apenas neguei com a cabeça. 

— Continua um chato.

— É... Dá pra reparar na verdade. — soltou uma risada leve. — A sua cara já diz muito quando eu chego em um lugar e parece que você quer sumir do planeta.

— Nem imagina o quanto. — comentei e vi um sorriso de canto crescer em meus lábios. 

— Escuta, vai fazer algo amanhã de noite? — questionou de repente, me fazendo parar mais uma vez para analisar suas expressões.

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