Lições Que Aprendi Me Apaixonando Por Você

Lição N° 21.

Não escute conversas alheias. Especialmente as de quem você sabe que vai ouvir besteira.

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Os aniversários sempre foram uma coisa extraordinária na minha cabeça.

Não tinha comemoração do ano que eu amasse mais do que ficar mais velha e ainda ganhar presentes por isso. Era legal mesmo quando criança e tinha que aturar coisas horríveis vindo do meu pai que, convenhamos, nunca demonstrou ligar muito para qualquer ser humano no planeta.

Ainda assim, a cada novo ano eu ficava mais animada e tentava manter a tradição de comemorar, independente de qualquer merda que estivesse acontecendo. Por isso, o dia 21 de maio continuava sendo o meu preferido e isso não poderia ser diferente mesmo que não fosse passar exatamente com a pessoa que gostava. Especialmente, por isso.

— Lu, minha filha, você tá tão linda! — minha mãe entrou sorridente no meu quarto ao me ver terminar de se arrumar. — Devem ser os dezessete anos fazendo efeito. Essa foi a minha idade preferida até hoje.

Ela me abraçou e, em seguida, me deu um beijo na testa. Suas mãos foram para meu cabelo ao se afastar e percebi seu olhar brilhante em meio a luz do quarto. 

— Tô orgulhosa de você, Lua. — sorriu ainda mais, me contagiando com suas palavras. — É tão forte e inteligente. 

— Diz logo que ela é a filha preferida. — Vivi resmungou ao entrar no quarto e ver a cena, mas seu sorriso no rosto demonstrava que era apenas brincadeira. Se bem que eu não me importaria se fosse verdade.

— Achei que a ciumenta fosse sua irmã, Vi. 

— Eu? Ciumenta? — ergui as sobrancelhas ao escutar minha mãe falar. Percebi que ela e Vivi esconderam as risadas.

— Tanto faz. Se divirtam hoje, tá? — ela fez menção em sair do quarto e puxou a porta para fechá-la, mas não sem antes terminar. — Eu amo vocês duas mais do que qualquer coisa.

— Vou cobrar esse amor todo em presentes no meu aniversário. — Vivi sorriu para minha mãe, que bateu a porta logo depois.

Soltei um suspiro e peguei meu celular para avisar meus amigos que já estava arrumada. Laurinha respondeu no mesmo minuto, contando que Cláudio já chegaria para buscá-la em casa. Desde que meu melhor amigo completou dezoito anos, ele começou a encher o saco da mãe para emprestar seu carro, mesmo que ainda nem tivesse tirado a carteira de motorista. Felizmente, a mãe dele era tão louca quanto a minha que deixava a gente andar com ele no carro correndo risco de sermos parados pela polícia. No fim, nenhum de nós levava fé que isso realmente iria acontecer e que o universo permitisse continuar assim.

— Cláudio já tá vindo. Ele vai buscar a Laura e Nayla e já vem. — comentei ao desligar a tela do telefone e me dirigir até minha cômoda para pegar um par de brincos.

Abri uma das últimas gavetas e me deparei com uma foto há muito tempo perdida na minha memória. A fotografia que antes deixava colada em cima da minha cama foi retirada logo após o ano novo. Nem lembrava mais onde tinha guardado e parecia que tinha sido bem inteligente colocar debaixo de algumas pequenas caixas de joalherias. Acabei guardando junto com a cópia que revelei na época, já que Espanha também queria a foto. Ele nunca deu falta dela, jamais perguntou ou sequer se lembrou. Aquela cena dele me carregando em suas costas comigo de uniforme de líder de torcida ficou sendo apenas uma memória de um verão passado. E, bem, ele passou.

— Foda-se. Vocês combinam. É isso. — Vivi tirou minha atenção e percebi que ela estava me observando.

Peguei as duas fotografias e procurei por uma caixa debaixo da cama que guardava apenas papéis velhos com coisas desnecessárias e fotos antigas. Tive o maior prazer em colocar as duas bem no fundo da caixa, onde jamais iria precisar ver novamente já que abria aquilo uma vez a cada dois séculos.