Lições Que Aprendi Me Apaixonando Por Você

Lição N° 25.

É preciso ter coragem para deixar quem gostamos ir embora quando estamos confusos com nós mesmos.

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As aulas voltaram depressa e, com isso, os alunos ficavam cada vez mais apreensivos com a aproximação dos vestibulares. Muitos desses se encontravam em um dilema comum à adolescência ou, nesse caso, com o fim dela: o que fazer com a própria vida? 

Naquele momento, sentada em meio aos alunos e perdida em minha própria cabeça, eu não fazia nem ideia. Mas, se tratando do futuro profissional, alguns de nós ainda tinham dúvidas. Ao menos eu poderia dormir tranquila porque essa certeza já tinha há anos.

O professor de filosofia, Marcelo, resolveu usar aquela dinâmica para a sua aula. Ele arrumou as cadeiras em um círculo no auditório e juntou todos os poucos alunos do terceiro ano que foram para o colégio naquela manhã chuvosa. Era sempre assim quando o clima ameaçava cair uma tempestade logo cedo: a maioria não dava nem as caras.

— Bom, é o seguinte. — o professor começou a falar e ficou de pé no meio da roda. — Cada um vai falar qual profissão vai seguir e como acha que vai ser o melhor caminho pra isso. Assim, para aqueles que ainda estão confusos na hora da escolha, talvez consiga um pouco de inspiração para enfrentar a difícil decisão.

Respirei fundo quando ele terminou de falar e voltou a se sentar com a roda. As turmas do terceiro não eram cheias, mas tanta gente faltou que não tinha mais de 30 pessoas ali no auditório.

Marcelo apontou para o primeiro aluno que estava ao seu lado, avisando que seria no sentido horário. Por coincidência, o primeiro estudante era Marcus. O garoto balançou a cabeça sorridente, porque por algum motivo ele estava sempre muito feliz, e começou a falar:

— Quero seguir a profissão dos meus pais e ser organizador de eventos famosos pelo país e, se tudo der certo, fora dele também. Dá pra ganhar muito dinheiro com isso. — ele pareceu pensativo e imaginei que estivesse se vendo com uma enorme fortuna ao seu lado, no futuro.

— Muito bem, Marcus. — o professor assentiu. — E como pretende fazer isso?

— Como assim? — o aluno rebateu e avistei Espanha, sentado ao meu lado, abaixando a cabeça para esconder a risada. — Achei que era só eu ir lá e organizar os melhores eventos que eu conseguisse pensar.

O professor abriu um largo sorriso e pude ouvir risadas por toda a roda. Marcus era um festeiro muito mais idiota do que se parecia, mas ele tinha bom coração, afinal.

— Tá, vai o próximo. — Marcelo pediu e Guilherme, do lado de Marcus, se adiantou.

— Eu quero ser veterinário. — sorriu, animado com a ideia. Acompanhei sua felicidade de onde estava, pois já o tinha escutado falar daquilo diversas vezes por ligação. — Eu trabalho como garçom pra pagar a faculdade e já junto esse dinheiro há bastante tempo. Espero conseguir conciliar esse emprego com a faculdade pra continuar me bancando sozinho por lá. E, depois, pretendo também participar de algumas ONGs por aí pra ajudar ainda mais animais, antes de finalmente ter a minha própria clínica.

A expressão de surpresa da maioria foi impagável. Nenhum deles parecia imaginar que o Senhor Bonitão estava mesmo tão focado em algo como aquilo e, mais ainda, que essa coisa fosse ajudar os animais. Eu também fiquei bastante surpresa quando ele me contou da primeira vez.

— Caramba, Guilherme. Isso é muito legal! — o professor exclamou, aparentando estar bastante orgulhoso da decisão de seu aluno. Gui sorriu, mas Marcelo logo passou a vez para outro.

Bianca, a próxima da fila, sorriu minimamente antes de soltar para todos seus sonhos do futuro.

— Eu pretendo ser uma grande estilista, já que sempre gostei de moda. Vou começar a faculdade no ano que vem e passar os próximos anos decidindo para qual lugar realmente ir quando acabar os estudos da universidade. — ela tinha um sorriso singelo no rosto e não parecia em nada com a fofoqueira amargurada e falsa do caramba. — Então, espero que talvez vocês escutem meu nome por aí futuramente.