Barquinhos de papel podem carregar muito mais do que só esperança.
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Dois meses se passaram desde a formatura.
O tempo das últimas férias caminharam devagar e o fim de ano foi, na verdade, bem sem graça. Laurinha passou a virada comigo e tentou me animar dizendo que pelo menos ninguém tentou beijar ninguém. Diferente do que ela pensou ao fazer a piada, minha risada foi quase de desespero por lembrar do Davi e de como ele simplesmente sumiu.
Cláudio, no entanto, decidiu que iria ficar no pai alguns dias após o Ano Novo para pelo menos poder se distrair com outra coisa que não o fizesse lembrar da minha irmã a cada cinco minutos. Eu me sentia da mesma forma, mas o lugar que queria ir para poder encontrar um certo vomitador já não me pertencia mais.
Quando o mês de fevereiro chegou e as aulas de Vivi começaram, me vi nostálgica por não precisar acordar cedo até próximo mês, que finalmente se daria início às aulas da faculdade. A única parte boa foi realmente ter o resultado em mãos, ainda em janeiro, e ver que meus melhores amigos foram classificados junto comigo para a chamada regular da universidade.
Laurinha gritou tanto quando soube que agora era a mais nova caloura de artes que pensei que todo seu bairro também teria escutado a animação que foi. Era realmente boa a sensação de poder respirar aliviada ao passar no vestibular. Ao menos eu tinha conseguido conquistar minha primeira grande oportunidade. E, com isso, me vi arrumando todas as minhas coisas em um dia qualquer de final de fevereiro.
Minha mãe ficou mega feliz, tirando a parte que agora eu estaria há três horas de distância de carro. Prometi que ligaria todos os dias para sempre lembrá-la de que eu estava bem e, principalmente, feliz em estar podendo mudar meu futuro como ela conseguiu. Ela e Yasmin nos ajudaram na procura de um apartamento e, após grandes noites fazendo várias contas, a gente dividiu os valores igualmente para cada um por mês.
A ideia de sair finalmente da cola dos pais parecia incrível de início, até realmente perceber que nem sempre pagar as próprias contas é a coisa mais divertida do mundo. Era bom não precisar se preocupar tanto com isso na adolescência, mas, no fim dela, praticamente te obrigam a se tornar responsável e seguir sozinho o próprio caminho.
Minha mãe junto com e a de Cláudio foram passar o fim de semana com a gente em nosso novo lar para vermos as últimas coisas antes de nos mudarmos definitivamente. As aulas na faculdade iriam começar logo na semana seguinte e precisaríamos estar bem organizados até lá, mas era bom já ter em mente que pelo menos eu podia ir andando todos os dias para estudar e não precisava me preocupar em gastar dinheiro com passagem de transporte público.
Assim que a minha mãe e a do meu amigo foram embora, vi Laurinha se jogar na própria cama, no quarto em que ficamos juntas, conforme eu terminava de guardar minhas roupas no armário no fundo do quarto. Ficamos bem felizes com a ideia de finalmente podermos dividir um ambiente só nosso, mas Cláudio quis pegar um apartamento em que pudesse dormir sozinho para se livrar da gente um único minuto, segundo suas brincadeiras.
Nossa nova casa não era muito grande. Ficava em uma avenida bastante movimentada por ser perto da faculdade e por isso decidimos ficar com ela, já que também já vinha mobiliada. Logo após abrir a porta, uma sala com um sofá de canto e uma estante branca para suportar a televisão e uma mesa de centro era tudo. Uma porta fornecia lugar para a cozinha, que conseguimos achar uma com um conjunto de armários combinando. A mesa era para quatro lugares e ficava logo no canto do ambiente. Tinha uma boa iluminação por ter janelas em vários cantos da casa.
A melhor parte, além do banheiro único bem grande e confortável, era a varanda no segundo andar, junto dos quartos. O meu e o de Laurinha ficava na primeira porta com o de Cláudio quase em frente, mas no final do corredor vinha uma porta de correr de vidro para a varanda com sacada. De noite, tinha uma vista bonita para as luzes da cidade bem em nossa frente.
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Lições Que Aprendi Me Apaixonando Por Você
RomantizmLuany tinha 16 anos quando sentiu pela primeira vez a famosa sensação clichê que tanto assistia nas telas de cinemas. Contudo, após descobrir que o garoto que encontrou por acaso em uma festa seria seu novo colega de classe, ela se vê presa em um d...