Lição N° 36.

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Há vezes em que nos prendemos em lembranças sem nos dar conta de que as pessoas nelas podem simplesmente ter mudado. E, finalmente, terem deixado de existir.

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Se tem uma época do ano que eu sempre vou amar é a da Copa do Mundo.

Eu poderia simplesmente negar assistir todos os jogos de futebol possíveis, mas de quatro em quatro anos eu estaria sentadinha na frente de uma televisão para ver todas as partidas que conseguisse.

Claro que quando você tem um emprego e uma faculdade fica difícil simplesmente largar tudo para assistir como certamente fazia na época do colégio. A última Copa foi no meu segundo ano do ensino médio e tudo o que fiz foi ver os jogos na sala da minha casa com minha família e amigos. Dessa vez, eu estava empenhada em ver pelo menos os principais jogos do Brasil nos bares mais legais perto do meu apartamento. Era a coisa mais adulta que eu conseguia pensar quando tinha 16 anos e que finalmente iria realizar.

No entanto, com a abertura da Copa começando em uma segunda-feira, tudo isso foi por água abaixo. Os jogos começariam naquela tarde do dia 21 de novembro. Normalmente acontecia sempre em junho ou julho, na mesma época em que eu estava de férias no colégio. Mas, como o evento iria rolar em um país com temperaturas médias que fariam qualquer um achar que está sendo queimado na fogueira, acabou que a data mudou para ser quando as temperaturas estão mais baixas no lugar.

Na questão do trabalho, eu agradeci aos céus por ter conseguido tirar duas segundas de folga, pois fiz várias horas extras. Já na faculdade, eu faltei mesmo.

Por causa disso, decidi que assistiria a abertura dos jogos da mesma forma que eu fiz durante toda a vida: na sala da casa da minha mãe.

Eu cheguei na minha antiga cidade no sábado de tarde e parecia que minha mãe e Yasmin não me viam há anos pela forma como estavam me tratando. Eu suspeitava que elas estavam bem mais animadas por ser a primeira Copa das duas juntas e ainda por cima casadas. Me dava uma paz enorme no coração olhar para as duas felizes e com sorrisos nos rostos.

Minha irmã finalmente estava livre de mais um vestibular que aconteceu no início do mês. Eu estava torcendo muito para que ela conseguisse passar logo para eu ter mais um lugar para viajar nas férias, já que Vivi quer tanto ir para Santa Catarina.

Yasmin preparou um balde de pipoca enorme e se sentou ao lado de minha mãe no sofá principal e eu e Vivi nos apertamos junto delas. Enquanto começava a abertura e todo um esquema de festividade passava na televisão, senti meu telefone vibrar em meu bolso.

Era uma mensagem de Laurinha. A loira em questão tinha vindo comigo para a cidade enquanto Cláudio não conseguiu por causa do emprego. Ela estava quase ficando louca porque Nayla estava para chegar no apartamento dos seus pais, já que aquele seria o dia em que sua família conheceria sua nova namorada.

Desde que as duas iniciaram o namoro, Laurinha pareceu bem apreensiva sobre as reações dos pais. A mãe dela não foi lá a melhor pessoa comigo e com minha mãe há alguns anos, mas acho que a convivência longe da filha mudou muito a família Bortolo. Laurinha já deixou avisado que não queria intrigas e nem piadinhas rolando entre eles porque ela já era uma mulher adulta e pagava as próprias contas para decidir com quem vai passar o resto da vida. Se algo do tipo acontecesse, ela ainda completou dizendo que iria embora e nunca mais voltaria.

Se eu estivesse na hora, certeza que teria batido palmas sozinha.

A mensagem me fez abrir um sorriso e precisei levantar do sofá e perder uma parte da abertura pela ligação dela chegando.

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