Lição N° 14.

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Não beije o melhor amigo da pessoa que você gosta.

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As férias deveriam significar algo melhor do que ficar deitada o dia inteiro assistindo filmes antigos.

Era para eu estar saindo com meus amigos — coisa que jamais pensei fazer por vontade própria — e conhecendo gente nova que sempre aparecia nessa época do ano. Sério, Laura e Cláudio eram uma máquina de fazer amizade em três minutos ou menos.

Porém, isso era tudo o que não estava acontecendo. Já estava achando entediante passar os dias sem fazer nada. O Natal já seria em dois dias e por isso Davi foi viajar com a família para São Paulo. Eu sabia que ele também estava com sua banda, pois foram convidados para tocar em uma casa de show por lá. Eu estava feliz por ele, mas começava a me sentir estranha por não vê-lo todos os dias. Em pensar que acreditei realmente que jamais o veria novamente em algum momento de uma festa idiota.

A única coisa que me fez levantar da cama, após terminar o terceiro filme do dia antes das 15h da tarde, foi Cláudio tocar o interfone de casa. Ele e Laura apareceram de surpresa na minha sala com salgadinhos e sorvete, fora os sorrisos bobos estampados no rosto de cada um. Parecia que haviam feito alguma merda e, vindo deles, eu não duvidava de nada.

— Só vou deixar vocês entrarem por causa do sorvete. — eles passaram por mim e senti o calor vindo da rua. — Espero que seja de flocos.

— O seu preferido, Lua. Tá aqui. — Cláudio estendeu o pote dentro de uma sacola para que eu pudesse pegar. Ergui as sobrancelhas com medo de sair um rato de dentro daquela bolsa.

— Já aviso que não tenho dinheiro. Pede a Laura aí. — ele revirou os olhos e Laurinha soltou uma risada fraca.

— Nem todo o dinheiro do mundo vai poder comprar a situação de hoje. — a loira sussurrou, me deixando ainda mais desconfiada.

Coloquei as coisas em cima da mesa da cozinha e encarei os dois, já de braços cruzados.

— Desembuchem logo.

Nenhum deles respondeu, pois Vivi entrou na cozinha no mesmo instante. Ao nos ver todos juntos e a encarando, seu rosto ficou quase da mesma cor que um tomate. Ela tinha o mesmo olhar de quem fez besteira.

— Maninha, você tá aqui? — disfarçou totalmente sem jeito.

— É, eu moro aqui caso vocês não saibam dessa novidade. — soltei um suspiro longo na esperança deles se tocarem que deveriam falar de uma vez o que queriam. — Eu odeio muito suspense.

Os três se entreolharam e Laura deu de ombros, se sentando em uma das cadeiras da mesa logo em seguida. Cláudio e Vivi pareciam estar tendo uma conversa silenciosa somente com o olhar.

— A gente tá namorando. — ele soltou de repente e minha irmã arregalou os olhos. Pela sua expressão, ela deveria estar prestes a socá-lo por ter falado daquela forma.

Mordi os lábios ao tentar processar a informação e balancei a cabeça em forma de afirmação. Encarei o pote de sorvete de flocos por longos segundos, como se ele fosse meu salvador. Nenhum dos três disse nada enquanto me viam pegar uma colher no armário e colocar para dentro uma colherada enorme da sobremesa.

— Vocês querem? — perguntei com a boca cheia, já sentindo como se meu cérebro estivesse congelando.

— É, ela reagiu até bem. — a loira tentou um sorriso alegre para os amigos, mas nenhum deles respondeu. Vivi apenas soltou um suspiro longo.

— Desculpa não termos te contado antes. A gente só achou que você ia...

— Que eu ia o quê? — continuei comendo o sorvete sem nem me importar se mais alguém iria mesmo querer.

Lições Que Aprendi Me Apaixonando Por Você Onde histórias criam vida. Descubra agora