Aqui estou eu sentada na cama de costas para Miguel enquanto ele me pinta nua, só com um lençol em cima de mim e com o cabelo apanhado em um coque.
- Amanhã é o nosso casamento, não acha que deveríamos descansar? - Perguntei enquanto ele estava concentrado.
- Tou quase terminando. - Fiquei fitando a parede. - Acabei.
Me estiquei toda deitando no colchão fechando os olhos. Quando abri eles Miguel estava em pé entre minhas pernas olhando meus seios nus. Em um movimento rápido eu os tapei com as mãos e me sentei.
- Assim não vale. - Falei e ele riu. - Deixa eu ver.
Ele virou o quadro para mim e por algum motivo deu uma vontade enorme de chorar. Talvez por causa da gravidez ou até mesmo porque ver aquele quadro me fez lembrar dos velhos tempos. Ele pareceu entender e colocou o quadro de lado e segurou meu rosto.
- Gostou? - Ele perguntou acariciando minhas bochechas com seus polegares.
- Eu amei. - Sorri tímida.
Derrepente ouvimos um grande barulho, nos olhamos e pensamos na mesma coisa "Melissa!". Miguel correu até lá e eu vesti rapidamente uma calsinha e a camisa de Miguel porque ele tinha tirado ela e era a coisa mais pergo.
Fui a correr até ao quarto de Melissa e eles não estavam lá então corri até ao banheiro e deparei com a pior imagem possível.
- O que houve? - Pegunto a Miguel enquanto me agacho vendo minha filha inconsciente no chão. - Opa! - Quase caí porque o chão estava completamente molhado e escorregadio.
- Cuidado! - Ele segurou meu braço e com a outra mão ele tava com o celular no ouvido. - Vou chamar uma ambulância, eu acho que ela escorregou e bateu com a cabeça.
- Filha, acorda! - Meus olhos ficaram húmidos enquanto eu pegava sua cabeça. - Ai não! Tem sangue na cabeça dela! - Falei passando meus dedos pela sua nuca.
Miguel ficou pálido e tenso enquanto eu tentava pegar Melissa para a tirar dali. Minutos depois a ambulância chegou e levou Melissa. Enquanto eles não vinham eu aproveitei para trocar rapidamente de roupa, uma desportiva, foi a que tava mais perto, porque também eu não ia de calcinha e camisa no hospital.
Estou andando de um lado para o outro enquanto Miguel está sentado com as mãos nos cabelos olhando o chão. Até agora ninguém nos disse nada desde que chegámos, estou começando a entrar em stress.
- Oh minha filha! - Diz minha mãe quando chegou, ela me abraçou e depois meu pai fez o mesmo.
- Como ela está? - Pergunta meu pai.
- Não sabemos, ainda não disseram nada. - Fala Miguel se colocando do meu lado abraçando minha cintura com um braço.
- E o casamento? Como vai ser? - Pergunta minha mãe.
- Que se dane o casamento! Eu quero saber é de minha filha que ainda não me falaram nada! - Gritei e Miguel me olhou com uma careta. - Desculpa, eu não queria falar isso. - Tentei segurar sua mão mas ele afastou ela.
- Não é só você que tá preocupada com Melissa. - Ele franziu as sobrancelhas. - Vou pegar um café para mim. - Assim ele saiu.
Puxei o ar e me sentei com os pés no banco abraço minhas pernas. Minha mãe ia falar algo mas eu implorei com o olhar para ela não falar nada.
Eu fui tão estúpida com Miguel, mas eu acho que ainda não habituei à ideia da Melissa ter um pai. Durante seis anos ela foi só minha, isso é uma coisa difícil ainda de processar apesar de amar estarmos assim em família.
O médico apareceu e eu me levantei bruscamente e falei:
- Doutor! Como minha filha está?
- Ela está bem. Tivemos a fazer uns exames e tá tudo ótimo como esperado. Foi só uma pancada mais profunda na cabeça. A zona que ela bateu foi normal ter desmaiado.
- Mas tava sangrando. - Falei o óbvio.
- Eu sei senhorita. Por isso é que fizemos os exames, para certificar se estaria mesmo tudo bem em dar alta a ela já amanhã.
- Amanhã? - Pergunta Miguel. Nem vi quando ele apareceu.
- Sim, algum problema?
- Não. - Ele fechou a cara. - Podemos ver nossa filha? - O médico assentiu e nos levou até ao quarto de Melissa.
- Mamãe... - Ela me chamou e corri até ela.
- Oh meu amor, o que aconteceu com você?
- Papai... - Ela ignorou minha pergunta, já chorando.
- A gente tá aqui princesa. - Ele pegou a mão dela e acariciou. - Fala como fez esse machucado.
- Eu queria tomar banho sozinha, mas depois a água começou a derramar e eu derramei o sabão junto no chão, depois só lembro de cair. - Ela soluçava.
- Não chora. - Abracei ela e dei um beijo na sua cabeça. - Mamãe e papai estão aqui.
- Eu quero dormir. - Ela falou coçando os olhos.
- Tá bom amor, eu e mamãe vamos esperar você dormir para ir embora. - Ela assentiu e se ajeitou na cama.
- Até amanhã. - Demos um beijo na cabeça dela e quando ela adormeceu fomos embora.
Não demorou muito porque ela mesma tinha falado que tinha sono. Pegamos um táxi e pelo caminho ficamos em silêncio. Quando chegamos em casa Miguel ia subir as escadas mas eu o impedir abraçando sua cintura forte por trás.
- Eu sei que você tá bravo comigo. Desculpa. - Ele suspirou, tirou meus braços de sua cintura e subiu as escadas.
Se eu fiquei magoada? Claro que fiquei! Eu sei que essa situação e minhas palavras foram horríveis mas ele exagerou, nós precisamos ficar unidos, não chateados.
Quando subi as escadas, depois de tar minutos olhando elas completamente atordoada, fui para o quarto e ouvi a fonte do chuveiro. Fiquei na dúvida se me juntava a ele e depois de hesitar entrei. Fechei delicadamente a porta para ele não ouvir e me despi. Depois de nua, como vim ao mundo, entrei no chuveiro. Beijei suas costas e falei:
- Por favor não fique bravo comigo. Eu imploro. - Ele se virou para mim.
- Eu estou bravo com o universo, não com você. - Ele agarrou meu rosto. - Temos que adiar o casamento.
- Não! Não tem necessidade disso! - Ele levantou as sobrancelhas surpreso. - Miguel... Eu não quero que você ache que meto qualquer coisa a cima de nós, incluindo um equívoco com nossa filha, pra não falar desastre! Porque isso não é verdade, eu coloco vocês dois no topo! Eu te amo! E eu quero casar com você! Eu quero chamar você de meu marido, eu quero que sejamos uma família.
- Eu sei que você não falou aquilo por mal, relaxa. - Ele sorriu sem mostrar os dentes. - Também te amo. - Ele beijou minha testa molhada.
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Entre Dois Irmãos 2
RomanceIsabella depois de 6 anos volta. Ela volta a ver as pessoas que menos espera, ela volta a viver grandes emoções. Depois de 6 anos as coisas vão voltar a mudar, talvez para pior ou até mesmo melhor. Muito sofrimento mas também muita dor, arrependimen...