Capítulo 14

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- Tá de mal humor comigo? - Pergunta Miguel com os braços cruzados no peito.

- Não. - Respondi seco e fria.

- Não parece.

- Nem tudo o que parece é.

- Calma! Acordou com os pés fora da cama?

- Talvez. - Quando ele ia falar mais alguma coisa já estava na hora do julgamento.

Aquilo parecia demorar uma eternidade, e para piorar, Vasco não tirava o olho de mim. Podia ser só impressão minha mas Miguel também tinha notado isso.

- Ele não tira o olho de você. - Ele sussurrou mas eu não respondi.

Só engoli seco e tentei evitar ao máximo olhar Vasco.

Por aquilo que entendi, Vasco cometeu roubos e também vendeu crianças e mulheres para ganhar dinheiro. Coisa bem pesada.

Ele deu a desculpa de sua mãe estar doente e precisar de dinheiro, mas o verdadeiro doente ali era ele mesmo.

Fui destemunhar o que me aconteceu e a Melissa também e eu estava super nervosa. Brincava com as minhas unhas debaixo da mesa e tinha minhas pernas a tremer.

Quando terminei foi a vez de Miguel e ele parecia super calmo. Ele terminou e sentou de novo do meu lado.

Eu ainda estava nervosa com as mãos a suar, as pernas a abanar e constantemente a mudar de postura.

Miguel segurou minha mãos e entrelaçou nossos dedos e falou:

- Calma, você não tem motivos para ficar assim.

Por mais que aquele gesto fosse bom, eu afastei nossas mãos e cruzei meus braços. Ele me olhou confuso mas depois voltou sua atenção para o julgamento.

Terminou e o juízo anunciou que não tinha mais volta a dar, então aquele seria o último e único julgamento e falou por fim:

- Senhor Vasco Sousa está condenado a prisão perpétua. - Assim bateu o martelo.

Dois polícias o algemaram e quando ele saiu olhou para mim com cara de nojo e eu fiz o mesmo apesar do medo.

Movi meus lábios para que ele os lesse "morre na prisão".

Saí do tribunal e Miguel veio atrás de mim.

- Posso levar você a casa? - Ele perguntou.

- Não obrigada. - Caminhei o ignorando.

- Qual seu problema? - Ainda o ignorei e depois vi ele indo para seu carro.

Pensando que ele ia embora, estava completamente enganada. Ele parou o carro do meu lado e falou:

- Entre. - Suspirei e entrei porque não tava afim de briga.

Sentei e coloquei o cinto depois cruzei os braços no meu peito.

- Vai me falar o porquê de estar brava? - Perguntou sempre olhando na estrada.

- Eu não. - Olhei o espelho do meu lado evitando olhar aquele belo rosto.

- Então você tá.

- Não tou.

- Fale comigo Isabella! Porra! - Ele cerrou a mandíbula. - Eu tou tentando mas você não facilita!

- Quer que eu diga porquê? Porque você beijou minha amiga! Contente? - Gritei e ele ficou em silêncio até parar o carro num estacionamento não muito conhecido. - Me leve para casa ou eu saio! - Quando ia abrir a porta ele a trancou. - Mas que droga! Isso é sequestro!

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