Relembrar

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Já era noite quando as duas pararam de jogar para jantar.

Catra estava sentada na cozinha observando Adora procurando os ingredientes, vez ou outra indicava onde algumas coisas estavam. Por mais que seja a primeira vez de Adora no apê de Catra, ela já se sentia em casa. Como se fosse lá todos os dias. Parece que o plano de Catra de fazer a maior se sentir à vontade foi um tremendo sucesso.

- Não vai querer ajuda mesmo? - A gata tentou novamente, não queria ficar sentada sem fazer nada.

- Catra, nem tenta. Sério, eu consigo fazer isso.

A loira já viu como Catra era na cozinha e não queria morrer tão cedo.

A última vez que Catra tentou fazer uma refeição decente foi no apartamento de Adora. Aconteceu tão rápido que a felina até hoje não conseguia acreditar. Do nada a panela, que estava fazendo o molho, estourou em chamas. No desespero, Catra jogou água piorando toda a situação. Depois, com um pano começou a bater na panela como se na agressão ela fosse parar de expelir molho. Adora que estava concentrada procurando um filme, foi correndo até a cozinha ao ouvir gritos e cheiro de fumaça. Chegando lá, viu a cena de um crime: molho espalhado pelo fogão e no chão, um pano queimado e uma Catra toda suja.

Depois daquele ocorrido, Adora insiste em fazer a comida. E Catra cuida da limpeza, e ainda assim, Adora sempre ia ajudá-la nessa parte também.

Catra acaba rindo com a lembrança.

Adora tira a atenção dos armários para olhar a mulher que mora em seus pensamentos.

- Do que está rindo? - Adora a olha curiosa e um sorriso nasce em seus lábios.

- Da vez em que eu fui fazer comida no seu apartamento.

Foi a vez de Adora rir.

- Eu achei que a S.W.A.T. tinha invadido a cozinha com bombas de fumaça.

- A S.W.A.T? - Catra arqueia uma sobrancelha - Cê acha que sou o quê? Uma criminosa?

Adora se virou para ela, a olhando nos olhos. Catra sentiu seu corpo ficar tenso com aquele olhar penetrante.

Com uma voz rouca e baixa, que deixou Catra sem estruturas, Adora respondeu:

- Você roubou algo muito valioso, Catra.

Catra sentiu seu rosto corar e nem sabia o porquê. Adora voltou a falar enquanto ia até a geladeira, sem dar chance da morena perguntar o que diabos tinha roubado.

- Acho que dá pra fazer alguns sanduíches com peixe. Sua geladeira é mais vazia que sua cabeça. - Adora provoca rindo, colocando dois pães em uma torradeira que estava no balcão.

- Disse aquela que se perdeu mesmo com um mapa.

Adora sentiu cada célula do seu corpo tremer. Catra estava bem atrás dela. E estava muito perto.

- Não tenho culpa que aquele mapa não fazia sentido. - Adora se vira de frente para Catra, que estava apenas dois passos de distância. - Era pra ele ser fácil de saber o caminho, parecia que tinha deixado pior.

- Ah, que dó da princesa. - Avançou um passo - Pelo menos aquele papel idiota fez a gente se conhecer melhor.

~~~

As duas se lembravam muito bem daquele dia. Logo depois do primeiro dia de aula, que teve aquele encontro no elevador em que Adora perguntou se ela estava a seguindo. Depois daquilo, elas se encontraram no corredor da faculdade.

Adora tinha parado vários blocos de distância da aula que ia ter, obviamente tinha se perdido. Ela sempre estava preparada para tudo, até treinava discursos para situações específicas ou ia para um lugar com antecedência para evitar qualquer erro. Mas naquele dia sua ansiedade foi tanta que não estava conseguindo entender o guia da faculdade.

Salvação - Concluída Onde histórias criam vida. Descubra agora