Última Defesa

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Surpreendentemente, Adora acordou primeiro. Os raios solares da manhã passando pela cortina a despertou antes da gatuna que dormia tranquilamente ao seu lado.

A maior abriu os olhos, vendo o corpo felpudo a abraçando. Catra era super manhosa enquanto dormia. Adora ainda se lembrava das vezes em que a felina desmaiava de sono em questão de segundos. Era trágico e fofo ao mesmo tempo.

Ela observou a pelagem caramel de Catra, vendo os pelos brilharem com a fraca luz do Sol. Adora apreciou cada parte do corpo dela, desde os cabelos escuros até as pernas. Era a primeira vez que ela viu, nitidamente, Catra toda exposta e ficou fascinada. Na noite anterior, com a fraca luz do abajur, e também do que estavam fazendo, Adora não conseguiu gravar tudo com os olhos. Mas gravou com as mãos.

As orelhas de Catra tremia de tempo em tempo, talvez pelo sonho. Sua cauda repousava na perna de Adora, fazendo cócegas quando mexia, e seus braços estavam jogados no tronco da loira.

Tão linda.

A noite anterior ia ficar marcada em sua mente por vários anos. Tinha sido tão mágico. Catra a respeitou, e foi carinhosa em cada momento, em cada toque, em cada beijo.

Com um sorriso no rosto, Adora passou a mão na barriga de Catra. Sentindo a maciez dos pelos. Ela olhou para o rosto da felina, ainda possuía as olheiras, mas seu semblante era calmo. Não era mais a cara de cansaço que tinha antes.  Com o tempo, Catra iria melhorar mais. Se dependesse de Adora, já teria melhorado há dias, mas depende do tempo.

Ah, o tempo. Não tinha como não notar os quatro riscos de garra na costela de Catra, bem abaixo de seus seios. Uma marca de sua última recaída, um lembrete do que ela superou. Mas Adora não se aprofundou nessas lembranças, não queria estragar seu momento de apreciação.

Ela nem se incomodava de estar nua e não ter nada a aquecendo naquela manhã. Só de ter Catra próxima de si era o suficiente. Ela estava dividida entre aproveitar a paz do momento ou tentar acordar a gatuna de forma gentil. A maior queria conversar, queria ver os olhos coloridos, as presas que apareciam quando sorria.

Mas Catra estava no sono mais profundo que já teve. Simplesmente entregue às mãos de Morfeu. Ou de Adora. Era o tipo de sono em que você acorda sem se lembrar de nada. E foi isso o que aconteceu; Catra acordou, algum tempo depois de Adora, sem nem saber onde estava. O processador da sua mente, como sempre, lento pela manhã. Ela nem sabia como conseguia ir para a faculdade e se sair bem.

E, então, ela começou seu ritual da manhã: saber o que está ao seu redor. Ela gostava de fazer isso desde pequena. Era tranquilizador identificar os detalhes do seu lugar seguro.

Sua audição aguçada foi o primeiro sentido que ligou, conseguindo ouvir apenas o som baixo dos poucos carros que passavam na rua e alguns passarinhos cantando. Depois, foi o cheiro de baunilha, suor e uma coisa que Catra não soube identificar. Talvez morango?

Sua curiosidade sobre o último cheiro foi cortada com um toque gentil que fez sua cauda se arrepiar por completo.

Catra sentiu uma pressão suave passar desde o meio do vale dos seios até um pouco abaixo da barriga.

Em questão de poucos segundos, ela se lembrou de tudo o que aconteceu ontem. Se lembrou do "eu te amo" trocados, primeiro encontro com Adora. E de Adora.

Nossa primeira vez fazendo amor foi uma com a outra. Catra pensou, um ronronar nasceu. Só de lembrar deixava ela em órbita. E o ronronar era a manifestação disso.

Catra não era lerda, diferente de uma certa boba. Mesmo as duas nunca terem conversado sobre sexo e relacionamentos, estava mais que óbvio que não tiveram nada disso. Por razões de personalidade e outras questões. Na parte da personalidade, Catra e Adora nunca gostaram de sair à noite, beber até não lembrar se é vivo e acabar parando na cama de uma pessoa desconhecida. Elas preferem maratonar até esquecer que existe um mundo lá fora. Na parte de outras questões, Adora vivia para estudos, tanto que começou a maratona de sagas e séries apenas quando Catra se tornou próxima dela. E Catra, por causa da doença que a fez perder qualquer vontade de viver, nem tentou nada do tipo.

Salvação - Concluída Onde histórias criam vida. Descubra agora