Ronronar

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Finalmente chegou o dia, sexta-feira. A visita para o South Hospital será à tarde, por isso as aulas que Adora iria ter foram canceladas. Praticamente todos da área de Medicina iam, ela de outras. Seria uma visita para ver o lugar onde, um dia, iriam trabalhar. Levou meses para acertarem um dia bom, que não afetaria o hospital. Mas acidentes acontecem, então nunca se sabe.

Mesmo não precisando ter acordado cedo, Adora já estava de pé antes mesmo do sol. A sua ansiedade era tanta que resolveu fazer alguns alongamentos depois do café, era bom voltar a fazer algum exercício. Catra a mataria se descobrisse que ela fazia exercícios logo de manhã, Adora nunca viu a felina correr.

Ela começou a fazer polichinelos, deixando sua mente fluir. Ela estranhou que Catra não invadiu seu apartamento depois que voltaram da faculdade. Será que Samantha tinha feito algo a ela? Adora não era lerda, é só a sua mente ocupada em outras coisas, mas isso não faz com que ela deixe de perceber algumas coisas. Como o jeito que Samantha trata Catra, parece que está sempre em cima, procurando os mínimos erros para dar briga.

Quando a loira percebeu isso, ela começou a pegar a raiva que Catra sentia da vice-diretora para si mesma.

No começo era mais "leve", Samantha só repreendia e ia embora. Depois começou a pegar pesado: insultos e rebaixando a Catra. O pior é que ela fazia isso quando tinha a presença de outras pessoas, só para piorar a situação. Adora já presenciou esses momentos. Ela só não foi para cima porque Catra a segurou discretamente. Não que a loira fosse partir para agressão. Talvez não a física, mas mandaria um tiroteio de palavras.

E quando Adora não presenciava, ela ficava sabendo pela própria Catra, que contava seu dia todo final de aula, quando elas voltavam para o prédio. Adora gostava de ouvir cada detalhe e Catra gostava de falar para a maior.


Ela respirou fundo ao terminar a sequência de alongamentos. Não queria sobrecarregar a cabeça pensando o quão injusto Catra era tratada. Ela foi até seu quarto para se arrumar. Seria um longo dia.

Daqui algumas horas Perfuma chegaria. Ela faz curso de Enfermagem, então vão para o hospital juntas. Era tão perto da faculdade que dava para ir a pé. Já que estavam no centro da cidade. E no hospital vão encontrar Bow, que vai de penetra, e claro que ele vai depois das aulas dele. O coitado vai ter que sair correndo da faculdade para chegar no hospital no horário certo.

Foi pensando em como seria seu dia que Adora caiu num cochilo, ela não estava preocupada, afinal a visita seria durante a tarde.

O som de batidas fortes em sua porta a fizeram acordar sobressaltada, pareciam murros. Ela correu desesperada até a entrada, destrancando a porta com as mãos tremendo. Pensou que seria Catra precisando de ajuda. Foi só quando abriu a porta que percebeu que Catra teria simplesmente entrado, já que tinha a chave.

Era Perfuma do outro lado.

Com um cara nada amigável.

— Voltou dos mortos, foi? — Ela falou. — Estou aqui batendo nesta porta há uma vida.

— Não precisa exagerar. — Adora disse calma. Notando o rosto de Perfuma atingindo altos níveis de raiva. Ela esperou o sermão vir igual uma bomba, mas não aconteceu. Perfuma respirou fundo e… sorriu.

— Vamos? Até chegar no hospital já vai ser o horário que a professora marcou. — Ela sorriu e caminhou até o elevador no final do corredor.

Olhando para ela assim, fez a loira querer fazer meditação também. Por um instante achou que ia receber um sermão e no final apenas viu um monge no corpo de sua amiga.

Salvação - Concluída Onde histórias criam vida. Descubra agora