Trauma

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Segunda-feira.

Por muitos, o dia mais odiado da semana.

E não seria diferente para Catra.

Depois do fim de semana mais do que maravilhoso que ela teve ao lado de Adora, agora ela tinha que se concentrar na simples tarefa de se arrumar. Até algo simples, como se vestir, era um desafio.

Só de lembrar que no sábado ela estava se declarando para Adora, já a deixava com um sorriso besta na cara e o corpo leve. E as várias borboletas batiam suas asas toda vez que lembrava que Adora a correspondia.

A Catra de cinco meses atrás nunca acreditaria se dissessem para ela que a loira favorita da vice-diretora seria sua possível namorada. A morena provavelmente iria rir na cara da pessoa e perguntar como estava de saúde mental.

Catra saiu do quarto e foi até a cozinha, decidindo se comia ou não. Mesmo que sua vida esteja ficando mais calma agora, algumas manias não podiam ser erradicadas tão facilmente. Uma delas, é não comer. Catra até se questiona como foi que essa mania de pular refeições surgiu. Ela suspeita que foi na época em que tinha que preparar as refeições por conta própria.

Uma criança que não sabia mexer em nada que se tenha em uma cozinha, tentando fazer a própria refeição. Já dá para imaginar o que pode acontecer. Quando seu pai adotivo voltava de casa e encontrava a destruição em massa na cozinha, aí, que traumatizava a pequena felina.

No dia em que Catra teve a ilustre ideia de fazer uma refeição no apê de Adora, e deu tudo errado. Ela esperava a pior reação, até ser expulsa do apartamento. Mas Adora riu igual uma porca e começou a brincar.

E, então, teve domingo. No caso, ontem. O dia seguinte da declaração, foi um dia que Catra vai guardar para sempre. Tirando a parte da crise, claro.

Depois da partida de jogos, - que durou até tarde da noite - Catra voltou para seu apartamento, mesmo sabendo que Adora cuidaria dela, ela preferiu voltar para um ambiente isolado. Não antes de tentar convencer Adora de não ir para a faculdade na segunda, já que não teria aula. E ela conseguiu convencer a outra. Claro que depois de prometer a dar toda e total atenção à Adora quando voltasse.

A felina suspirou decidindo não comer e foi em busca das suas chaves, que misteriosamente tinham sumido. Ela sempre se esquecia onde deixa as coisas.

O que ela menos queria era voltar para faculdade por causa dos ensaios. Mas era necessário. Por mais que ela queira apenas voltar para os braços de uma certa loira, e sentir o cheiro e o calor que emavam dela.

Catra suspirou mais uma vez, vendo as chaves jogadas no sofá. Ontem, voltou com tanta pressa que nem percebeu que tinha arremessado as chaves no sofá. Agora, com as chaves em mãos, ela olhou uma última vez para seu pequeno apartamento. Seu "pai" tinha ajudado a encontrar ele. A felina queria poder falar que seu pai nunca foi muito bom para ela, mas ele tinha seus momentos de bondade. Poucos, mas tinha.

Mesmo que o motivo de ela ter procurado um apartamento foi de longe o pior, e por causa dele. Pelo menos, ele ajudou.

Ela pode ter crescido em uma casa grande, porém vazia. Apenas com seus pensamentos a fazendo companhia. As poucas vezes em que seu pai estava em casa, ele fazia questão de apontar todos os seus erros. Ela se contentava com os ataques dele, pensando as mesmas coisas que a manteve firme por um tempo: "Ele está apenas sobrecarregado", "Ele me adotou, devo repeitá-lo". Mas com o tempo, conforme ele discutia mais, esses pensamentos foram substituídos por outros: "Pelo menos ele não parte para a agressão", "Não posso estressá-lo".

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