Você é Incrível

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Adora levantou animada naquela manhã, mesmo sendo segunda-feira. O motivo era simples: ela ia ver Catra tocar.

Assim que saiu do apartamento ela encontrou Catra, com um violão em suas costas, no corredor, esperando a loira, como sempre. Embaixo dos olhos bicolores, Adora percebeu grandes olheiras ali. Mesmo com a garganta coçando para perguntar se a morena estava bem, ela não fez. Sabia que Catra ia ser evasiva no assunto. Então, tinha que esperar o momento certo.

Adora ficou parada encarando a outra até tomar a iniciativa de um abraço. Catra ficou surpresa já que demorou para corresponder, mas logou a abraçou forte, na medida do possível.

As duas se afastaram e sem falar nada elas começaram a andar para o elevador. O silêncio não era algo novo entre elas, as duas apreciavam apenas a companhia da outra. Adora sentia suas mãos suarem só de estar próxima de Catra. Ainda mais agora que a loira pretendia ter algo a mais, além da amizade.

Adora suspirou fundo e olhou para a felina do seu lado. Ela queria saber mais sobre a vida de Catra, seu passado, seus gostos. Sabia que ia ser difícil, pois a morena sempre foi reservada. E sem contar o fato que no começo, quando se conheceram, a relação entre elas não era a boa. Mesmo assim, com uma súbita coragem, Adora resolveu começar uma conversa com uma abordagem sutil.

- O que fez você se interessar por música?

Catra a olhou de soslaio, parecia pensar por uma resposta.

- Por que quer saber? - E lá estava uma das barreiras da morena, a desconfiança.

- C-Curiosidade. Apenas curiosidade. Digo, é o curso que você faz. É uma grande decisão.

Quando Adora achou que Catra simplesmente ia ignorar a pergunta, ela ouviu um suspiro pesado e logo a voz rouca a respondeu.

- Porque... - Ela começou, tensa. - Quando toco, sinto, de alguma forma, a melodia, as notas, os acordes pairar sob mim. Como se eu estivesse em um outro mundo. - Ela relutou antes de continuar - Quando criança, meu pai falava que eu era muito boa tocando e, meio que eu, segui esse sonho. Queria deixar ele... orgulhoso de mim. - Assim que terminou, virou seu rosto e viu a expressão triste de Adora - Você tá legal?

Adora balançou a cabeça, tinha ficado emotiva com a resposta. O jeito que Catra falou do pai fazia se questionar se ele estava morto. Mas não iria perguntas sobre isso, já foi um grande progresso Catra ter respondido algo tão pessoal, e sem sarcarmo. Não queria afastar a morena.

- Sim! Tô bem. - Adora responde se recompondo - É que não estou acostumada a ouvir você falando... assim, sabe? - Fala sem saber como colocar em palavras o que queria dizer. Adora a encarou e viu seu rosto levemente corado. - E tá gostando de alguém na faculdade?

Abordagem sutil, Adora!, se reprendeu mentalmente.

Catra olhou para o chão. Ela estava envergonhada?

- Não faça perguntas tão idiotas.

- Desculpa. É só que... queria saber mais sobre você. Já nos conhecemos há um tempo, se você considera cinco meses muito tempo. Já somos próximas, não somos? Não precisa responder. Eu sou uma idiota, eu sei. - Adora sentia suas mãos tremerem e suarem frio. Com certeza tinha afastado Catra depois dessa cena.

Catra a olhou de relance, seu olhar brilhava em divertimento.

- Claro que somos próximas, sua boba. E sim, você é uma idiota. - Catra falou divertida, sorrindo para a loira do seu lado. Adora sorriu para ela sentindo seu coração acelerar, Catra tinha um jeito de fazê-la ficar calma com um simples olhar. - Por que medicina?

Salvação - Concluída Onde histórias criam vida. Descubra agora