Salvação - Concluída

Samantha

Adora observou o professor anotar os diversos nomes de remédios no quadro negro. Ela repassava tudo em seu caderno, anotando as observações que o senhor fazia.

— Estes são os remédios, digamos, que comuns. Temos analgésicos, anti-inflamatórios... — Ele falou enquanto escrevia mais informações.

Adora não tinha nada contra o senhor, mas as aulas de Farmacologia eram um tédio para ela. Todos aqueles remédios. Talvez fosse a influência de Catra em si, a morena vivia com tédio. Mas Adora, não.

— Alguém sabe me dizer a diferença entre eles? - O professor perguntou olhando para cada aluno, mas parou seus olhos na loira. Isso que dá ficar respondendo as perguntas.

Ela ainda esperou alguns segundos na esperança de outro aluno querer responder, o que não aconteceu. Respirou fundo ao erguer a mão e responder.

— Analgésicos são para dores no corpo. Anti-inflamatórios são para combater a inflamação de tecidos. Menos inflamação significa menos dor, ou seja, anti-inflamatórios são também analgésicos.

O professor sorriu e agradeceu, logo voltando a explicação.

Passou uma hora até a aula acabar. Adora levantou da cadeira e recolheu suas coisas, agora era ir para a próxima aula. Só iria rapidinho ao banheiro antes ou ela explodiria. Acho que vou passar no banheiro antes de ir para a próxima aula. E Adora sabia onde ficava o melhor banheiro. Limpo, cheiroso e sempre abastecido com papel. Só tinha que andar um pouco mais que o costume.

Ela passava veloz pelos corredores, correndo contra o tempo. Não gostava de perder aulas, ainda mais quando você está pagando para tê-las.

Mas a pressa logo foi deixada para trás quando ela ouviu a voz de Samantha.

— Srta. Katze, seu comportamento foi indispensável. — Ouviu a voz da vice-diretora ressoar pelo corredor. Que também era mais conhecida entre os alunos como Shadow Weaver.

Adora não sabia o motivo, talvez a fofoqueira dentro de si acordou, mas ela se escondeu num corredor paralelo. Logo Samantha e Catra apareceram. O que Catra tinha feito? O que eu estou fazendo?

A vontade de usar o banheiro até sumiu.

Adora seguiu as duas de longe, acompanhando seus passos. Por sorte alguns alunos passavam e ela conseguia se camuflar entre eles. Elas estavam se aproximando da área temida pelos alunos, a direção e a sala dos professores. Quando um aluno ia para lá é porque estava ferrado.

— Mas eu não fiz nada! — Catra falou quase gritando. Ela parecia realmente querer matar a vice-diretora. Samantha continuava com uma postura calma e de superioridade.

Adora ficou mais próxima. Viu a cara de desdém da mais velha e os olhos em fúria de Catra.

— Como não? Aquele rapaz deve estar chorando até agora. — Samantha respondeu sem emoção.

— Ele tocou no meu violão sem pedir permissão.

Adora franziu o cenho. Ela lembrava de Catra ter saído de seu apartamento com seu violão nas costas, disse que seria aula prática. O que Adora lembrava também era que o violão era como um filho para a felina. Você tocava nele e recebia um tapa.

Mas a postura de Catra: a cauda remexendo; as orelhas para baixo e principalmente os olhos, fez Adora sentir pena do rapaz. Ela nunca tinha visto a morena tão irritada, Catra sempre foi mais sarcástica mesmo.

As duas entraram na sala de Samantha e a porta de vidro opaco se fechou.

Escutar ou não escondido? Era a questão que ficou na mente de Adora. Ela olhou ao redor, procurando alguma alma penosa que passava por ali. Não tinha ninguém.