Então, meu Styles?

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Primeiro dia de aula.

Antes de começarmos o dia em que eu obrigo Styles a me ajudar com meus problemas, vamos aos acontecimentos de depois que voltei da casa da minha avó.

Eu terminei aquele livro, e olha, eu realmente me surpreendi comigo mesmo por gostar de um romance daqueles.

Era a história de uma pessoa que começava contando seus gostos sobre tudo e logo depois conta o caso de amor que destruiu todos seus pensamentos sobre isso. Era simples, essa pessoa gostava de um garoto, mas esse garoto tinha um namorado e não via outra pessoa além daquele cara. Essa pessoa, protagonista do livro, fez de tudo para conquistá-lo, mas ele nunca reparou em seus esforços, nunca deu a mínima. Uma história clichê, mas viver um amor platônico é uma das piores surras que o coração pode levar, ainda mais quando se acha que é rejeitado ou nem ao menos notado. Ler a dor de uma pessoa que se odeia por achar não ser o suficiente para que as pessoas ao redor a aceitem é uma das leituras mais tristes. Ainda mais do autor/a daquele blog fantástico que sempre me pareceu tão otimista. Eu fiquei triste pela história, me fez lembrar do que a minha mãe passou.

É claro que depois de terminar aquele livro nada menos que fantástico, fui correndo contar a Gemma que abriu as portas da livraria justamente na semana que voltei de viagem. Ela adorou o fim, apesar de compartilharmos o mesmo pensamento triste sobre o romance. Ela também tinha boas novidades. Tinha visitado seus pais e seu irmão. Mas não voltei a tocar no assunto, só perguntei como foram as coisas e ela tratou de dizer que talvez eles voltem a se ver com mais frequência e que talvez eles venham visitar a loja dela já que não moram tão longe. Fico feliz por ela. Mesmo curioso sobre tudo o que ocorrera, tratei de me manter em uma conversa tranquila sobre o fim de ano e nossos assuntos de sempre. Gemma sempre foi incrível.

Minhas férias daí em diante já tinham praticamente acabado, passei o resto dos dias lendo outros livros e ouvindo mais musicas como sempre fazia. E quando dei conta, já era o primeiro dia de aula.

Hoje. Perfeito. Segunda-feira, o dia mais feliz de todos.

Um assunto pra resolver, e ele tinha a ver com Harry Styles.

O dia começou como sempre fora quando íamos à escola, minha mãe me levou e lá estava eu cruzando as portas do colégio, mais conhecido como inferno, ou antigo inferno, dos novatos.

Eu fui até a secretaria pegar meus horários porque hoje seria o dia de começar diferente. Peguei meus horários e parti para a aula de matemática, duas seguidas e então uma de história e teria dobradinha de técnicas de redação por último, aposto que caí com Harry nessa. Seria uma oportunidade perfeita para confrontá-lo.

Tudo corria bem por mais que algumas pessoas estranhassem meu comportamento e andassem um pouco longe. Eu preferia assim, mantinha uma certa segurança. As pessoas não precisam que um cara confuso, explosivo e orgulhoso demonstre sua raiva por aí, espancando qualquer um que estiver a sua frente.

Eu só precisava de ajuda para me readaptar, eu precisava de Harry pra voltar a ser o que era antes. Com um Styles cafajeste a solta, a única solução era libertar o Dragão mais uma vez.

Como previra, depois do sinal do intervalo, vi Harry se aproximando da sala onde teríamos as próximas aulas. Ele tencionou quando me viu, mas continuo em direção a sala. Estávamos vindo de direções opostas e nossos olhares se encontravam, mas Harry desviava. Eu precisava falar com ele agora, então antes mesmo que entrasse na sala, agarrei seu braço e o encurralei na parede ao lado da porta.

“Styles.” Mantive minha voz firme e minha postura. Queria mostrar controle da situação.

Funcionou. Por um momento o vi tremer em antecipação.

“Louis.” Ele disse com a voz trêmula. Engraçado pensar sobre a forma com que deixo Harry. Apesar de parecer um leão a espreita de sua presa, por muitas vezes ele é somente a ovelha, vítima da fera.

“Eu preciso falar com você, depois.” Ele me olhava com intensidade. Fraquejava a cada palavra minha. Não sabia reconhecê-lo. Ele parecia perdido.

“Tudo bem.” Ele sussurrou em um fio de voz. Distanciei-me dele, ajustei meu blusão e arrumei meus óculos que pendiam sobre meu nariz.

Hoje eu estava quebrando todas as regras. O visual foi o primeiro. Lembro-me da reação que minha mãe teve quando saí de casa e entrei no carro. Fazia tempo que eu não me vestia dessa forma simples e não ameaçadora, com apenas um blusão de moletom, minha calças skinny e meus óculos de leitura. Meu cabelo estava uma bagunça, nem me dei o trabalho de arrumá-lo.

As duas aulas se seguiram realmente bem, por incrível que seja, eu não me sentia tão entediado em prestar atenção. Harry sentava duas cadeiras a minha frente e parecia imóvel enquanto estava atento às instruções da professora.

Quando o sinal bateu, anunciando o término das aulas, esperei que todos saíssem para que pudesse falar com Harry. Ele entendeu o que eu queria e arrumou suas coisas demoradamente. Assim que todos saíram, acompanhei Harry até a porta. Ele me seguia em silêncio e quando finalmente estávamos no corredor, eu me virei e anunciei o que queria.

“Bem, eu disse que precisava falar com você.” Eu estava calmo. Quando eu e Harry estamos juntos, sem ninguém por perto, é como se eu estivesse em outro lugar, é como se eu vivesse em função dele. Eu não me sentia fraco por estar assim, eu me sentia vulnerável, como se ele ditasse as regras. Não é como se eu odiasse a situação, mas eu não queria me enganar e viver algo que pudesse me ferir.

“É, pode falar.” Ele ainda parecia inocente. Nem um rastro de malícia, nem um rastro do Harry cretino. Me senti aliviado por isso.

“Eu preciso da sua ajuda.” Soltei simplesmente. Eu acreditava que aquele Harry ali na minha frente, fosse alguém a quem eu pudesse confiar, então deixei que as palavras saíssem sem mesmo me importar se ele riria ou debocharia de mim.

“No quê, exatamente?” Seu rosto não me mostrava nada. Ele não agia indiferentemente, mas ainda estava na defensiva.

“Com a escola.” Então sua expressão mudou. Um misto de raiva, dor e ao mesmo tempo tristeza.

“Não. Eu não vou te ajudar Louis. É pra isso que sirvo, passar cola não é?” Ele dizia furiosamente. Lançou cada palavra com o que me parecia ser uma mágoa antiga, eu me senti um tolo. É claro que ele pensaria que eu estava o explorando, afinal eu era o grande imbecil e ele era o nerd.

“Olha Harry, eu falo sério, eu não quero cola, eu quero aulas. Eu quero que você me ajude a mudar.” Eu tinha que mostrar algumas cartas pra ele, ou então ele não confiaria em mim. Sua expressão se suavizou minimamente, mas ele já começava a se acalmar.

“E como posso acreditar que isso não é um truque?” Será que ele não entendia o quanto já tinha me deixado em suas mãos? Eu não era a presa fácil, mas ele com certeza já tinha provado que podia fazer eu me sentir submisso.

“Estudaremos em casa, minha mãe estará sempre lá se você estiver, não se preocupe.” Se minhas palavras não eram o suficiente, talvez isso bastasse.

“Ok.” Ele relaxou e estava quase se virando para sair dali, então o segurei pelo braço.

“Que dia você pode ir?” Não podia deixá-lo partir sem uma resposta.

“Hm, amanhã é um bom dia” Ele dizia. “Ansioso Lou Lou?” Ali estava o Styles, o verdadeiro. Mal abri a boca para responder e ele estava partindo. Até amanhã Styles.

The Secret of A Writer  [Pt-Br]Onde histórias criam vida. Descubra agora